Na noite de 28 de julho de 1971 no Canal 4, no programa "Pinga Fogo" da TV Tupi, São Paulo, Chico Xavier foi entrevistado por diversas pessoas. Selecionamos para esta página a pergunta formulada por Reali Júnior:
Reali
Júnior
— O senhor acha que os espíritos que se manifestam nos
terrenos de umbanda,
dizendo-se guias de cura, pretos velhos, índios, caboclos,
são espíritos
evoluídos? Como explica as curas
conseguidas por muita gente conhecida, em terreiros? Será que o
mal, pode
apresentar-se através do bem, ou então tomando a sua forma?
Chico
Xavier
— Nós respeitamos a religião
de Umbanda, como devemos
respeitar todas as religiões. Vamos recorrer aos casos
das leis
cármicas. Nos séculos passados, nos três, quatro
séculos
passados, nós — vamos dizer coletivamente — não estamos falando do
ponto de vista individual, mas na condição de brasileiros buscamos
no berço
onde nasceram milhões de irmãos nossos reencarnados
nas plagas africanas para que eles servissem nas nossas casas, nas
nossas
famílias, instituições e organizações, na condição de alimárias.
Eles se incorporaram, depois de desencarnados, às nossas famílias.
Eles
renasceram de nosso próprio sangue, nas condições de nossos irmãos
para receberem, de nossa parte, uma compensação que é a
compensação
chamada do amor, para
que eles sejam devidamente educados, encaminhados, tanto quanto
nos
pretendemos educar-nos, e encaminhar-nos para o progresso.
Então temos a religião da Umbanda, que vem como uma
organização
dos espíritos, recentemente, porque quatro séculos significam um
tempo
curto nos caminhos da eternidade. Recentemente trazidos para o Brasil
eles se organizaram agora, seja numa condição ou noutra. Nós, no
Brasil, não conseguimos pensar em termos de cor. Nós todos somos
irmãos.
De modo que eles organizaram uma religião sumamente respeitada
também. Eles
também veneram a Deus,
com outros nomes. Veneram os emissários de Deus, com
outros nomes. Respeitamos todos e acreditamos que em toda parte
onde o
nome de Deus é pronunciado, o bem pode se fazer. Agora,
encontramos na doutrina
espírita, individualmente e coletivamente, a faixa que
nos
compete no campo de nossa evolução, para estudos do nosso
destino,
para estudos da imortalidade. Quanto a problemas de
cura, permitimo-nos
lembrar uma coisa: as vezes nós pedimos socorro a
determinadas organizações
para a cura imediata de determinados impedimentos físicos. Essa
cura,
parece, talvez, forçada, por nossas exigências, porque muitas
vezes os
nossos irmãos, trazidos das plagas africanas, se habituaram de
certo
modo, a obedecer-nos quase que
cegamente. Eles se afeiçoam a nós com uma
afeição terrível, do ponto-de-vista de egoísmo
de que nós todos, por enquanto, principalmente se referindo a mim,
somos
portadores. Então exigimos uma cura que se faz de imediato no
campo físico,
mas nos esquecemos de que as vezes, a cura física é um caminho
para
encontrarmos, mais adiante, desastres morais de conseqüências
imprevisíveis.
Então, se as curas demoram no ambiente kardequiano, ou se demoram
no
campo da medicina, vamos respeitar o problema dessa demora, porque
aquilo
se verifica em nosso próprio benefício.
Porque
muitas vezes urna doença
física, ou determinada provação
em nossa vida doméstica, nos poupam de acidentes afeitos
ou acidentes materiais, ou de fenômenos extremamente desagradáveis
em
nossa vida.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário