PASSES ESPIRIUAIS
O passista deve tomar certas providências em relação à sua própria
conduta, pois a mente influi, poderosamente, sobre todos os seus centros
de forças, os quais canalizam as energias que os seus pensamentos,
somados aos seus sentimentos, direcionam. É bom não esquecer que o
passista é doador de fluidos aos que sofrem. A troca de fluidos entre as
pessoas é lei do equilíbrio.
Todavia, é indispensável saber o que estamos recebendo e ofertando, e
quais os valores que oferecemos e que nos são oferecidos. Não basta ter
vontade - que é o primeiro passo para esse trabalho no bem -, é preciso
compreender o que deve e como deve ser feito, para melhor fazer,
mantendo a consciência harmoniosa e pacificada.
André Luiz ensina que, "assim como na medicina Terrena é necessária uma
assepcia para realizar um trabalho, o médium passista também necessitará
de vigilância no seu campo de ação, porquanto a sua higiene espiritual
resultará o reflexo naqueles que se proponha socorrer." (Mecanismos da
Mediunidade, Cap.XXII)
O passista é um sensitivo de energias circulantes afins, pelo que, no
momento do passe, não pode alimentar sentimentos vis. Precisa entregar
seu coração e sua inteligência à influência do amor, à sintonia com os
bons Espíritos, consciente de que, se doarmos luz, ficamos inundados de
claridade; mas, se oferecermos trevas, sofremos as conseqüências
decorrentes.
A CONDUTA MORAL DO PASSISTA
O passista, abraçando a moral crística, sabe que tem o dever da renúncia
aos prazeres desgastantes, da vigilância de sua sensualidade e da
disciplina dos seus impulsos ainda inferiores, para manter a saúde
integral, que significa equilíbrio e harmonia, servindo para que nos
transformemos em agentes estimuladores da paz, fugindo das contendas,
preferindo ambientes com boa psicosfera, educando-nos para a existência
do Bem, conquistando a humildade dinâmica, aquela que faz o bem sem
reparar a quem.
Assim, por evidente, o passista deve se abster do contato com as forças
que operam a perturbação e a desordem. O magnetizador comum e o
passista, para manterem a postura que se espera das pessoas
responsáveis, têm de assimilar tudo o que amplie sua capacidade de
realização.
Para tanto, importante a iniciativa de estudos amplificadores dos
recursos que facilitem a recepção das orientações dos Instrutores
Espirituais. O asseio mental lhes ensejará autoridade moral, auxiliando o
despertar do enfermo para aderir ao processo de auxílio e reagir.
Como estímulo, vale saber que ajudar, através da irradiação da energia
magnética, disponível a todos os espíritos que realmente desejam servir,
emprestando força à sua vontade e atraindo o auxílio divino, é também
assegurar as melhores possibilidades de auto-reajustamento e de
verdadeira compreensão do poder do amor.
A INFLUÊNCIA DO PASSISTA NO PASSE
Torna-se didático enumerar os principais itens de influenciação por
parte do passista na tarefa do passe, para os quais deve ele atentar, já
que se incluem nos questionamentos de responsabilidade pessoal.
1. HIGIENE PESSOAL -
Duas razões básicas impõem cuidados quanto à higiene corporal:
a) os desequilíbrios a que submetemos o corpo físico são
refletidos no perispírito, contribuindo para uma má qualidade dos
fluidos a serem transferidos;
b) os odores próprios da falta de higiene desarticulam a
capacidade de concentração mental necessária ao receptor do passe.
2. VESTUÁRIO -
Boa parcela dos encarnados ainda enfrenta problemas relacionados à área
da sexualidade, pelo que o uso de determinadas roupas funciona como
catalizador de pensamentos abusivos que distoam completamente da
serenidade requerida para a câmara de passe, o que conduz à recomendação
para observarmos a cautela quanto ao vestuário a ser utilizado no
dia-a-dia.
3. ALIMENTAÇÃO -
Pela questão 723 de "O Livro dos Espíritos", deduz-se que "permitido é
ao homem alimentar-se de tudo o que lhe não prejudique a saúde". Neste
capítulo, cada um deve observar-se detidamente, sabendo já que todo
excesso é tão mais prejudicial ainda que a relativa escassez alimentar.
4. FUMO -
Os resíduos do fumo no organismo desarmonizam o campo vibratório e
lesionam o perispírito do passista e, por conseqüência, repercutem no
corpo material. A responsabilidade do passista tem de levá-lo a reduzir
ao máximo seu vício, se ainda não conseguir total abstinência, fazendo
com que não fume ao menos três (3) a quatro (4) horas antes do trabalho
no passe.
5. TÓXICOS -
O usuário de quaisquer tóxicos não deverá participar das tarefas de
doação de fluidos.
6. ATMOSFERA FLUÍDICA -
A qualidade da atmosfera fluídica que envolve o passista é sempre
elemento dos mais determinantes quanto aos resultados que se obtém
através do passe. O passista deve, por isso, buscar permanentemente a
melhoria de sua psicosfera, através de todos os meios ao seu alcance.
O estudo, o trabalho, o exercício da caridade, a vigilância e a prece
são algumas das ferramentas ao seu dispor para alcançar esse objetivo.
7. SEXO -
A vida Sexual a nível mental influencia o desempenho do passista, pois o
pensamento atrai energias positivas ou negativas, conforme o que se
pensa. A grosso modo, seria muito bom, principalmente, no dia da tarefa,
manter a "casa mental" adequadamente limpa e organizada.
Nenhum artificialismo, porém, há de impor-se como regra de uso. Há
circunstâncias especiais para atender, porém, desde que o sexo seja
fundamentado no amor, no respeito e na responsabilidade pelos
sentimentos e pela individualidade do parceiro, não pode haver qualquer
incompatibilidade entre a sua prática e o exercício do passe.
8. AGITAÇÃO -
Quando a pessoa abarca mais compromissos do que pode dar conta, deve se
conscientizar de fazer o que lhe é mais importante, para fazer bem. A
tarefa do passe exige presença assídua e dedicação. Normalmente é
preferível não contar com um passista do que raramente contar com ele.
9. TRABALHO E REPOUSO -
O trabalho diário do passista deve ser metodizado, sob pena de
prejudicar a reserva dos bons fluidos. O repouso para dormir precisa ser
no mínimo de seis (6) a sete (7) horas por noite, para que o organismo
não se ressinta de fadigas não reparadas, levando em conta também que o
excedente desse tempo pode ser considerado supérfluo e prejudicial.
10. - IDADE -
Durante o passe, há um acentuado desgaste energético do passista e,
embora em um corpo saudável e equilibrado a recuperação seja rápida, é
desaconselhável o trabalho do passe para pessoas muito jovens ou muito
idosas. Não é possível estabelecer limites muito rígidos, já que cada
organismo tem suas peculiaridades, mas como regra geral desaconselha-se a
atividade para menores de dezoito (18) e maiores de setenta (70) anos.
11. MÉDIUM OSTENSIVO -
Desde que observados os períodos de descanso para reposições fluídicas, o
médium que participa de reuniões mediúnicas pode dar passes. No
entanto, como a tarefa do passe não exige qualquer tipo de mediunidade
ostensiva, é sempre um gesto de amor dar preferência a tarefeiros que
não apresentem os requisitos para o mediunato.
12. - OBSESSÃO -
A condição de passista não isenta da possibilidade de desequilíbrios e
muito menos das obsessões. Diante das primeiras evidências de uma
situação dessas, é imperiosa a interrupção dos trabalhos de passe,
ocasião em que o passista passa à condição de paciente, devendo
submeter-se então ao tratamento reequilibrante e desobsessivo. É grande a
responsabilidade do passista, porque, se não evitar o exercício do
passe, insistindo em executá-lo, poderá transferir para o paciente
aspectos de seu desequilíbrio.
13. QUANTIDADE E FREQÜÊNCIA -
Durante o passe, o passista sujeita-se a significativo dispêndio de
energia, liberando grande quantidade de fluido vital, facilmente
recuperada, desde que se trate de um organismo saudável. A capacidade de
doação fluídica tem sempre limites que devem ser atendidos, para não
comprometer o equilíbrio e a saúde do organismo, porém ela varia
bastante de pessoa para pessoa, sendo que cada um deve aprender até onde
é capaz de ir, evitando com isso de prejudicar a si próprio e ao
trabalho.
Não estará o passista praticando um ato de caridade ao exceder à sua
capacidade física. Isto pode até representar o oposto, na medida em que o
trabalhador esgotado deixará de proporcionar energias restauradoras de
que tanto necessitam aqueles que batem à porta da Casa Espírita.
OS FLUIDOS, O PENSAMENTO E A PRECE
Aprendemos sobre fluidos para entender o mecanismo do passe. Sabemos,
então, que os fluidos não têm qualidade, no seu estado natural, ou seja,
são neutros, não são bons nem ruins, pesados ou leves, etc.. No momento
em que pensamos, os fluidos à nossa volta se transformam, adquirindo
características conforme o tipo de pensamento. É a partir daí que se
tornam bons ou maus, conforme a destinação que lhes damos.
"Seria impossível fazer uma enumeração ou classificação dos bons ou maus
fluidos, nem especificar suas qualidades respectivas, tendo em vista
que sua diversidade é tão grande quanto a dos pensamentos" ("A Gênese",
Cap. XIV, item 14).
Como Sabemos, os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais, não que os
manipulem como os homens manipulam os gases, mas com o auxílio do
pensamento e da vontade. Usando do próprio pensamento, eles produzem
diversas modificações nos fluidos, para os fins que desejam: "aglomeram,
combinam ou dispersam..." (ibidem, item 7).
A prece é pensamento e, quando sincera e feita para beneficiar alguém,
não deixa de ser um tipo de passe, que também depende da nossa vontade,
elevando sempre o padrão vibratório da criatura.
"O Espiritismo proclama a sua utilidade não por espírito de sistema, mas
porque a observação permitiu constatar a sua eficácia e modo de ação.
Desde que, pela lei dos fluidos, compreendemos o poder do pensamento,
também compreendemos o da prece, que é, também, um pensamento dirigido
para um fim determinado" ("Revista Espírita 1866" - p. 5)
A prece tem um outro papel importantíssimo, que é o da higienização do
ambiente fluídico em que se encontra aquele que a faz. No momento da
oração, recebe-se fluidos de qualidade superior, pelo processo de
sintonia com Espiritualidade Maior, passando-se simultaneamente à
condição de repulsor dos fluidos inferiores do ambiente, os quais são
progressivamente substituídos pelos que estejam sendo recebidos. A prece
representa, assim, um benefício geral, funcionando como uma lâmpada que
acende e afasta as trevas.
Allan Kardec, em comentário à questão 662 de "O Livro dos Espíritos",
leciona que "possuímos, em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um
poder de ação que se estende além dos limites da nossa esfera corporal. A
prece por outros é um ato dessa vontade. Se ela é ardente e sincera,
pode chamar em sua ajuda os bons Espíritos, a fim de sugerir-lhe bons
pensamentos e dar-lhe a força do corpo e da alma de que necessita. Mas
aí ainda a prece do coração é tudo, a dos lábios não é nada."
Em síntese, a prece é onda mental acionando os fluidos, fazendo-os
envolver a própria pessoa e também beneficiar aos necessitados, atraindo
bons Espíritos e aumentando o poder de sua irradiação.
A POSTURA DO PACIENTE DO PASSE
O receptor do passe precisa ser colocado em estado de confiança e de
simpatia com o tratamento fluidoterápico, em adequada sintonia
vibratória com o passista.
O primeiro cuidado que o paciente precisa, antes de ser levado ao passe,
é o da preparação evangélica, até onde possam penetrar os ensinos do
Mestre Jesus, para que o processo fluidoterápico encontre melhor
ressonância. Esse estudo pode ser individual e também durante as sessões
da Casa Espírita.
É preciso incutir-lhe uma posição mental de reequilíbrio. No entanto,
quando se depara com um estado mental impenetrável, face ao
desequilíbrio do paciente, recorramos ao auxílio espiritual, até que se
abra uma possibilidade de intervenção direta.
Está confirmado pela experiência que o passe será tanto mais eficiente
quanto maior for a adesão do doente, convencido da força moral de seu
benfeitor, sem esquecer a questão do merecimento. Nesse aspecto,
verifica-se o determinante nas leis de justiça e de amor, vinculado
tanto ao presente quanto ao passado espiritual de cada um.
O Ministro Clarêncio, no capítulo inicial do livro de André Luiz "Entre o
Céu e a Terra", afiança-nos que "em nome de Deus, as criaturas, tanto
quanto possível, atendem às criaturas. Assim como possuímos em
eletricidade os transformadores de energia para o adequado
aproveitamento da força, temos igualmente, em todos os domínios do
Universo, os transformadores da bênção, do socorro, do
esclarecimento..." Os transformadores energéticos precisam estar
devidamente conectados com seus receptores, para fluir a energia e dar
vazão aos seus efeitos.
Para que essa conexão aconteça e a adesão se consolide é preciso que o
assistido elimine pensamentos negativos, abstendo-se da ironia, da
descrença, das vibrações anti-fraternas, das preocupações meramente
materiais e outras situações do gênero, para que não ofereça obstáculos à
recepção dos fluidos benfazejos que lhe serão ministrados.
Para o bem do próprio necessitado, é importante alimentar uma conduta
mental de compenetração respeitosa, de recolhimento reflexivo, de
respeito a todos os que estão envolvidos na mesma intenção de benefício,
de fé racionalizada nas possibilidades daquilo que busca.
Se alguns tratamentos não produzem os frutos que seriam almejados, é
porque a lei de causa e efeito é uma lei justa; mas, mesmo sem a
recomposição orgânica, é comum, pela evangelização, alcançarmos
verdadeiros prodígios no campo da harmonia interior, com renovação de
ânimo que, por si só, nos projeta à condição de beneficiados.
O PASSE À DISTÂNCIA
À pergunta se o passe pode ser ministrado à distância, o Espírito Áulus
("Nos Domínios da Mediunidade", Cap. 17) responde:
"Sim, desde que haja sintonia entre aquele que o administra e aquele que
recebe. Nesse caso, diversos companheiros espirituais se ajustam no
trabalho de auxílio, favorecendo a realização, e a prece silenciosa será
o melhor veículo da força curadora."
O passe ou irradiação à distância pode ser aplicado quando o paciente
não possui condição alguma de deslocamento até a Casa Espírita, sendo
uma alternativa que, em condições ideais, pode apresentar resultados
quase tão satisfatórios quanto os que se obtém quando o paciente e
passista se encontram no mesmo ambiente. O difícil é conseguir tais
condições ideais.
Luiz Carlos de M. Gurgel, na obra "O Passe Espírita", editada pela FEB,
relaciona algumas dessas condições:
1. Que o passista plasme, em sua mente, a imagem do paciente, o
que não é fácil. Em geral, só é possível quando passista e paciente
tiveram oportunidade de se conhecer anteriormente. A opção da fotografia
ajuda, mas, em geral, não satisfaz completamente.
2. Que o paciente esteja prevenido e que o horário e o local
tenham sido previamente combinados.
3. Que seja providenciada a prévia preparação do ambiente do
paciente, por parte de familiar ou amigo que funcionará como elemento de
apoio, através do recolhimento, do cultivo dos bons pensamentos e
principalmente da prece.
Na hora combinada, o passista mentaliza o paciente e executa, em
pensamento, os procedimentos de doação de fluidos, com a colaboração dos
Benfeitores Espirituais.
Quando não for possível cumprir a tarefa nas condições consideradas
ideais, a caridade determina que se promova a irradiação da nossa
vontade em favor do enfermo, transferindo os fluidos terapêuticos
através da prece de intercessão, a fim de poder contar com o apoio
indispensável dos bons Espíritos, para o sucesso do empreendimento.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário