quinta-feira, 7 de outubro de 2010
MILAGRES
O registro da vida de Jesus apresentado pelos evangelistas contém, além de seus exemplos e ensinamentos, a descrição de inúmeros feitos incomuns realizados pelo Mestre, tais como curas numerosas, afastamento de interferências espirituais negativas e intervenções diretas nos elementos materiais (transformação da água em vinho, aplacar a tempestade). É interessante observar que é muito menor naquelas narrativas a menção a ocorrências verificadas no campo íntimo, sob a inspiração e orientação do Mestre (perdão de ofensas, liberação de vícios, descoberta de sentido para a vida) de que são exemplos luminosos Zaqueu, vencendo a avareza, e Maria de Magdala, superando obsessão e desregramento moral, as quais, contudo, foram por certo muitíssimo mais numerosas e constituíam o objetivo mesmo da Boa Nova. É compreensível no entanto que não tenham sido tão mencionadas pois se passavam no terreno espiritual, sendo conhecidas apenas pelos que as vivenciavam e pelas pessoas que lhes eram mais próximas, não produzindo o impacto da cura de um doente conhecido em sua comunidade, como o caso do cego de nascença.
Ao estudar, em “A Gênese”, os milagres atribuídos a Jesus, o Codificador mostra o seu caráter de fatos normais, embora incomuns, por se processarem segundo leis que o Espiritismo veio divulgar mas que o Mestre conhecia e utilizava com absoluto domínio na produção daqueles fatos. Na mesma ocasião, recorda Allan Kardec o sentido etimológico daquele termo (milagre significa digno de admiração, admirável), lembrando então que vivemos cercados deles na criação: “Se tomarmos a palavra milagre em sua acepção etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos incessantemente milagres debaixo de nossos olhos. Nós os aspiramos no ar e os calcamos aos pés, pois tudo é milagre na Natureza”. A Doutrina Espírita não admite, assim, qualquer rutura na ordem natural, a semelhança de uma emenda feita pelo Criador em sua obra, idéia inconciliável com a sabedoria e a perfeição divinas.
É oportuno destacar ainda a importância dada pelo Codificador à influência moral da Doutrina Espírita, como se observa nas palavras que dirigiu aos espíritas de Lyon, quando de sua visita àquela cidade, em 1862: “Homens da mais alta posição honram-me com sua visita, porém nunca, por causa deles, um proletário ficou na antecâmara. Muitas vezes, em meu salão, o príncipe se assenta ao lado do operário. Se se sentir humilhado, dir-lhe-ei simplesmente que não é digno de ser espírita. Mas, sinto-me feliz em dizer, eu os vi, muitas vezes, apertarem-se as mãos fraternalmente, e, então, um pensamento me ocorria: Espiritismo, eis um dos teus milagres; este é o prenúncio de muitos outros prodígios” (“Viagem Espírita em 1862” – Discurso).
E os milagres continuam realmente a ocorrer pois ao toque da Boa Nova, revivida pelo Espiritismo, más inclinações são vencidas, antagonismos superados e esforços se unem na promoção social de indivíduos e famílias, sendo esta, sem dúvida, o grande prodígio do Evangelho: a nossa renovação para o bem.
“A Gênese” (capítulo 15).
FONTE: SERVIÇO ESPÍRITA DE INFORMAÇÕES
Boletim Semanal editado pelo Lar Fabiano de Cristo
Enganos e Tribulações
O engano constitui fenômeno psicológico ínsito no processo evolutivo.
Há uma inevitável tendência existencial para processos enganosos nos diferentes reinos da Natureza.
Vegetais disfarçam-se para atrair presas que lhes possibilitem a manutenção, enganando-as de maneira hábil.
Insetos igualmente mudam a aparência de forma que enganam a outros, dando prosseguimento à cadeia alimentícia.
Animais diversos, por instinto, adquiriram o hábito de acomodar-se em posturas magistrais que enganam os predadores, assim mantendo a prole e a própria vida, quando não atacam aqueles que lhes constituem o recurso nutritivo preservador da existência.
O ser humano, em face da arte e ciência de pensar, engana outro da mesma espécie bem como de diferentes categorias da escala evolutiva, propositalmente ou não.
Inconscientemente o indivíduo deixa-se enganar por sintomas diversos do organismo, que lhe propiciam prazer ou insatisfação, passando a atender-lhes os impositivos, submetendo-se-lhes de maneira tácita, sem maiores preocupações.
Fugas psicológicas facilitam a existência de muitos homens e mulheres que se deslocam dos problemas, transferindo-os de tempo e lugar, embora saibam que eles retornarão logo depois com as cobranças compatíveis.
Enfermidades são escamoteadas por terapias inócuas ou ilusórias, enganando os pacientes que resolvem por adiar as soluções, por se considerarem incapazes de fazê-lo neste momento, que é o adequado.
Da mesma forma, deixam-se enganar por soluções falsas de ocorrências que lhes dizem respeito, na tentativa de evitar-se preocupações e aborrecimentos.
Os enganos multiplicam-se na área dos sentimentos, quando têm lugar os arroubos de paixões de vária ordem, dando a impressão de que se tratam de atitudes definidoras dos rumos do futuro.
De igual maneira, as reações emocionais enganam as criaturas, facultando a vivência de condutas irrefletidas que parecem favoráveis ao bem-estar, mas que não passam de recursos momentâneos que não resolvem os desafios da existência.
Relacionamentos afetivos apressados ou pagos enganam a sede de amor real e tentam preencher o vazio interno, sem que resolvam as necessidades da emoção ou da razão.
Ilusões bem elaboradas pela mente ociosa enganam a realidade que se tenta postergar, avançando-se sem rumo nem discernimento.
Promessas variadas são cultivadas no plano mental, enganando a consciência do Eu, que deveria estar vigilante para alcançar os objetivos do processo evolutivo.
O hábito do engano é tão corriqueiro, que mesmo diante de decisões impostergáveis e ocorrências inadiáveis, tenta-se enganar a vida, evitando-se o enfrentamento com a realidade, como nos casos da desencarnação, dos desafios existenciais que fazem parte do programa de crescimento interior.
A consciência tem como finalidade desenvolver no Espírito o senso crítico em relação às ocorrências do cotidiano existencial, iluminando-as e ajudando-as na fixação de natureza profunda, de forma que, selecionadas pelas qualidades fundamentais de que se revistam, contribuam para a sua felicidade.
Quando se alcança a autoconsciência, valores novos enriquecem os sentimentos e direcionam a vontade sempre em sentido ascensional, despertando interesses não habituais, com os quais a vida se torna relevante e significativa.
Nessa fase, em que se viaja da consciência geral para a autoconsciência, a escala de valores éticos sofre significativa alteração, mudando do conteúdo convencional, simples e oportuno, para outros duradouros e representativos das aspirações de liberdade e auto-iluminação.
Os enganos habituais, que fazem parte do esquema do desculpismo em relação à responsabilidade, cedem lugar ao enfrentamento dos fatos conforme se apresentam, ensejando a vivência compatível com as conquistas da inteligência e do sentimento de nobreza.
Enquanto isso não sucede, os enganos deixam de ser naturais para transformar-se em condutas indignas, estimulando atitudes de astúcia e de perversidade, mediante as quais o egoísmo predomina a serviço das ambições desarrazoadas.
A mentira, a calúnia, a difamação, a farsa tomam o aspecto de máscaras enganosas de que se utilizam os indivíduos frágeis moralmente para suportar a luta sem quartel, na qual se encontram, sem as estruturas emocionais e morais necessárias para o bom desempenho.
Utilizando-se da astúcia, ao invés de competir, lutando com empenho pessoal para conquistar os títulos de sabedoria, enganam-se, investindo contra os demais, que supõem impedimentos para a sua comodidade, utilizando-se desses recursos nefários, comprometendo-se perante a própria assim como a Consciência Cósmica.
Esse tipo de comportamento feito de enganos, ao próprio agente engana, porque traz próximas e futuras tribulações que lhe tornam a existência um fardo insuportável de ser carregado.
Engana-se todo aquele que pressupõe lograr o triunfo de qualquer natureza através de métodos escusos.
A vitória aparente de que desfruta pode ser considerada a de Pirro, insignificante e destituída de representatividade, abrindo espaços emocionais para os conflitos que surgem no momento próprio.
É inevitável a ação do mecanismo de desenvolvimento espiritual do ser humano, que sempre se manifesta por impositivo da Lei Divina.
Pode-se ignorar por momentos, enganando-se, mediante a idéia de que tudo se regularizará espontaneamente, e que o problema de agora será auto-resolvido, mas o automatismo da evolução coloca-o na via de acesso e termina por alcançar o infrator que lhe foge da presença.
O engano automático, pois, que se observa em a Natureza, não pode ser transformado em atitude moral que prejudique as demais pessoas, na condição de egoísmo avassalador injustificável, para usufruir-se autobenefícios.
Por isso medram tribulações múltiplas nas paisagens humanas, que se avolumam e desarticulam multidões.
É Lei da Vida a convivência social, e para que ela frutifique abençoada, a honradez, a veracidade, a vigência do sentimento, de respeito e de amor fazem-se impositivas.
Evita enganar-te conscientemente, assumindo posturas equivocadas, que disfarçam os objetivos que deves alcançar, lutando com sinceridade pela tua transformação moral para melhor, e pela renovação dos teus sentimentos que devem fluir do âmago do ser que és.
Da mesma forma, não enganes a ninguém através de ardis e de condutas que te projetam a patamares que ainda não alcançaste, sendo autêntico mas não agressivo na forma de conduzir-te, de apresentar-te, de viveres...
Quem busca a libertação espiritual dos vícios e dependências nefastas não se pode permitir o ópio dos enganos cujo efeito logo passa, devolvendo a realidade da qual se pretende fugir.
Joanna de Ângelis pelo médium Divaldo Pereira Franco
Fonte: Reformador janeiro 2007
Há uma inevitável tendência existencial para processos enganosos nos diferentes reinos da Natureza.
Vegetais disfarçam-se para atrair presas que lhes possibilitem a manutenção, enganando-as de maneira hábil.
Insetos igualmente mudam a aparência de forma que enganam a outros, dando prosseguimento à cadeia alimentícia.
Animais diversos, por instinto, adquiriram o hábito de acomodar-se em posturas magistrais que enganam os predadores, assim mantendo a prole e a própria vida, quando não atacam aqueles que lhes constituem o recurso nutritivo preservador da existência.
O ser humano, em face da arte e ciência de pensar, engana outro da mesma espécie bem como de diferentes categorias da escala evolutiva, propositalmente ou não.
Inconscientemente o indivíduo deixa-se enganar por sintomas diversos do organismo, que lhe propiciam prazer ou insatisfação, passando a atender-lhes os impositivos, submetendo-se-lhes de maneira tácita, sem maiores preocupações.
Fugas psicológicas facilitam a existência de muitos homens e mulheres que se deslocam dos problemas, transferindo-os de tempo e lugar, embora saibam que eles retornarão logo depois com as cobranças compatíveis.
Enfermidades são escamoteadas por terapias inócuas ou ilusórias, enganando os pacientes que resolvem por adiar as soluções, por se considerarem incapazes de fazê-lo neste momento, que é o adequado.
Da mesma forma, deixam-se enganar por soluções falsas de ocorrências que lhes dizem respeito, na tentativa de evitar-se preocupações e aborrecimentos.
Os enganos multiplicam-se na área dos sentimentos, quando têm lugar os arroubos de paixões de vária ordem, dando a impressão de que se tratam de atitudes definidoras dos rumos do futuro.
De igual maneira, as reações emocionais enganam as criaturas, facultando a vivência de condutas irrefletidas que parecem favoráveis ao bem-estar, mas que não passam de recursos momentâneos que não resolvem os desafios da existência.
Relacionamentos afetivos apressados ou pagos enganam a sede de amor real e tentam preencher o vazio interno, sem que resolvam as necessidades da emoção ou da razão.
Ilusões bem elaboradas pela mente ociosa enganam a realidade que se tenta postergar, avançando-se sem rumo nem discernimento.
Promessas variadas são cultivadas no plano mental, enganando a consciência do Eu, que deveria estar vigilante para alcançar os objetivos do processo evolutivo.
O hábito do engano é tão corriqueiro, que mesmo diante de decisões impostergáveis e ocorrências inadiáveis, tenta-se enganar a vida, evitando-se o enfrentamento com a realidade, como nos casos da desencarnação, dos desafios existenciais que fazem parte do programa de crescimento interior.
A consciência tem como finalidade desenvolver no Espírito o senso crítico em relação às ocorrências do cotidiano existencial, iluminando-as e ajudando-as na fixação de natureza profunda, de forma que, selecionadas pelas qualidades fundamentais de que se revistam, contribuam para a sua felicidade.
Quando se alcança a autoconsciência, valores novos enriquecem os sentimentos e direcionam a vontade sempre em sentido ascensional, despertando interesses não habituais, com os quais a vida se torna relevante e significativa.
Nessa fase, em que se viaja da consciência geral para a autoconsciência, a escala de valores éticos sofre significativa alteração, mudando do conteúdo convencional, simples e oportuno, para outros duradouros e representativos das aspirações de liberdade e auto-iluminação.
Os enganos habituais, que fazem parte do esquema do desculpismo em relação à responsabilidade, cedem lugar ao enfrentamento dos fatos conforme se apresentam, ensejando a vivência compatível com as conquistas da inteligência e do sentimento de nobreza.
Enquanto isso não sucede, os enganos deixam de ser naturais para transformar-se em condutas indignas, estimulando atitudes de astúcia e de perversidade, mediante as quais o egoísmo predomina a serviço das ambições desarrazoadas.
A mentira, a calúnia, a difamação, a farsa tomam o aspecto de máscaras enganosas de que se utilizam os indivíduos frágeis moralmente para suportar a luta sem quartel, na qual se encontram, sem as estruturas emocionais e morais necessárias para o bom desempenho.
Utilizando-se da astúcia, ao invés de competir, lutando com empenho pessoal para conquistar os títulos de sabedoria, enganam-se, investindo contra os demais, que supõem impedimentos para a sua comodidade, utilizando-se desses recursos nefários, comprometendo-se perante a própria assim como a Consciência Cósmica.
Esse tipo de comportamento feito de enganos, ao próprio agente engana, porque traz próximas e futuras tribulações que lhe tornam a existência um fardo insuportável de ser carregado.
Engana-se todo aquele que pressupõe lograr o triunfo de qualquer natureza através de métodos escusos.
A vitória aparente de que desfruta pode ser considerada a de Pirro, insignificante e destituída de representatividade, abrindo espaços emocionais para os conflitos que surgem no momento próprio.
É inevitável a ação do mecanismo de desenvolvimento espiritual do ser humano, que sempre se manifesta por impositivo da Lei Divina.
Pode-se ignorar por momentos, enganando-se, mediante a idéia de que tudo se regularizará espontaneamente, e que o problema de agora será auto-resolvido, mas o automatismo da evolução coloca-o na via de acesso e termina por alcançar o infrator que lhe foge da presença.
O engano automático, pois, que se observa em a Natureza, não pode ser transformado em atitude moral que prejudique as demais pessoas, na condição de egoísmo avassalador injustificável, para usufruir-se autobenefícios.
Por isso medram tribulações múltiplas nas paisagens humanas, que se avolumam e desarticulam multidões.
É Lei da Vida a convivência social, e para que ela frutifique abençoada, a honradez, a veracidade, a vigência do sentimento, de respeito e de amor fazem-se impositivas.
Evita enganar-te conscientemente, assumindo posturas equivocadas, que disfarçam os objetivos que deves alcançar, lutando com sinceridade pela tua transformação moral para melhor, e pela renovação dos teus sentimentos que devem fluir do âmago do ser que és.
Da mesma forma, não enganes a ninguém através de ardis e de condutas que te projetam a patamares que ainda não alcançaste, sendo autêntico mas não agressivo na forma de conduzir-te, de apresentar-te, de viveres...
Quem busca a libertação espiritual dos vícios e dependências nefastas não se pode permitir o ópio dos enganos cujo efeito logo passa, devolvendo a realidade da qual se pretende fugir.
Joanna de Ângelis pelo médium Divaldo Pereira Franco
Fonte: Reformador janeiro 2007
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