Embora em diferentes graus e tipos, todos nós temos a
mediunidade por esse motivo, todos somos médiuns. Essa faculdade é
inerente ao homem, não constituindo um privilégio exclusivo. Porém,
entendemos comumente como médium todo aquele que sente a influência dos
espíritos de forma ostensiva...
Reparemos que, ao nosso redor, há ignorância, miséria,
lágrimas, feridas, dores e erros. Pois bem, é por meio dos médiuns que
os espíritos nos instruem, suavizam a miséria, enxugam as lágrimas,
cicatrizam as feridas, mitigam as dores e corrigem os erros. A
mediunidade, quando equilibrada, faz com que nós, habitantes da Terra,
trabalhemos juntos na construção do reino de Deus.
Mediunidade Infantil - Geralmente, o processo
de desenvolvimento da mediunidade é cíclico, ou seja, ocorre por meio de
etapas sucessivas em forma de espiral. O primeiro ciclo vai de zero aos
12 anos de idade, período no qual as crianças possuem a mediunidade à
flor da pele, por assim dizer, mas com o resguardo da influência
benéfica e controladora dos espíritos protetores, chamados por algumas
religiões de "anjos da guarda".
Nessa fase infantil, as manifestações mediúnicas são
mais de caráter anímico. A criança projeta sua alma nas coisas e nos
seres que a rodeiam, recebe as intuições orientadoras de seus
protetores, às vezes observa e denuncia a presença de espíritos e, não
raro, transmite avisos e recados destes aos familiares de maneira
positiva e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos, as crianças se
integram melhor ao condicionamento da vida terrena, desligando-se
progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às
relações humanas.
No entanto, não é aconselhável o exercício da
mediunidade em crianças, uma vez que o organismo delas, débil e em
formação, pode sofrer fortes abalos. Além disso, a imaginação está em
intensa atividade e pode haver uma grande excitação, sem contar que elas
não possuem discernimento suficiente para lidar com os espíritos.
Às vezes, as manifestações mediúnicas apresentadas
pela criança são causadas pelas pertubações existentes no ambiente do
lar. Neste caso, o mais recomendável é atendê-la com passes, para
eliminar as manifestações, e orientar o comportamento dos familiares
adultos, para que as tensões espirituais não reflitam mais nela.
Agora, se a manifestação mediúnica for espontânea e
equilibrada, deve-se aceitar os fenômenos com naturalidade, mas sem
estimulá-los nem tampouco querer colocar a criança em um verdadeiro
trabalho mediúnico. Convém queela seja encaminhada para a evangelização e
o conhecimento doutrinário adequados à sua idade, a fim de que, no
futuro, ela esteja devidamente preparada para entender sua faculdade e
empregá-la bem.
- O segundo ciclo de desenvolvimento da mediunidade
começa geralmente na adolescência, a partir de 12 ou 13 anos de idade.
Como dissemos, no primeiro ciclo, só se deve intervir no processo
mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da
criança. Já na adolescência, o corpo amadureceu o suficiente para que as
manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. Então, é
tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre a questão da
mediunidade.
Diante disso, não se deve tentar o desenvolvimento da
mediunidade em sessões. O passe, a prece e as reuniões de estudo
doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem força-lo, dando ao
adolescente a orientação necessária. A adolescência é a hora das
atividades lúdicas, dos jogos e esportes, do estudo e aquisição dos
conhecimentos em geral, de uma integração mais completa na realidade
terrena. Portanto, não se deve forçar os adolescentes, mas estimulá-los
no tocante aos ensinamentos espirituais, abrindo suas mentes para o
contato mais profundo e constante com a vida no mundo. Os exemplos dos
familiares influem mais em suas opções do que os nsinamentos as
exortações orais.
Já o terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da
adolescência para a juventude, entre 18 e 25 anos de idade, tempo dos
estudos sérios. No entanto, se a mediunidade não se definiu devidamente
até esta fase, não devem haver preocupações, uma vez que existem
processos nos quais sua verdadeira eclosão leva até cerca de 30 anos
para ocorrer.
Potencialidade e educação - Na verdade, a
potencialidade mediúnica nunca permanecerá letárgica. Ela se atualiza
com mais frequência do que supomos, passando de potência a ato em
divrsos momentos da vida, através de pressentimentos, previsões de
acontecimentos simples, como o encontro de um amigo há muito ausente,
percepções extra-sensoriais que atribuímos à imaginação ou à lembrança e
assim por diante.
Portanto, os problemas mediúnicos consistem apenas e
tão-somente na disciplinação das relações espírito-corpo, que chamamos
de "educação mediúnica". Á medida que o médium aprende, como espírito, a
controlar sua liberdade e selecionar suas relações espirituais, sua
mediunidade se aprimora e se torna cada vez mais segura.
O bom médium é aquele que matém o seu equilíbrio
psicofísico e procede na vida de modo a criar para si mesmo um ambiente
espiritual de moralidade, amor e respeito pelo próximo. A dificuldade
maior está em se fazer o médium compreender que, para tanto, ele não
precisa se tornar santo, mas apenas um homem de bem. Deve ser
espontâneo, natural, uma criatura normal, que não tem motivos para se
julgar superior aos outros. Quando não orientada para os caminhos do bom
senso, a mediunidade pode turvar a vida e ser instrumento de pertubação
geral, porém, em harmonia, pode fzer grandes coisas.
A educação mediúnica pode começar no simples modo de
falar aos outros, transmitindo bastante brandura, alegria, amor e
caridade em todos os atos da vida. O desabrochamento de uma faculdade
mediúnica e seu constante aprimoramento necessita, dentre outras coisas,
de educação, esforço, disciplina e aquisição de valores morais e
espirituais, a fim de se evitar ciladas, enganos, perigos e dissabores
que podem ser gerados pela inviligância, pela indisciplina e pelo
despreparo.
É importante que o médium não procure na mediunidade
um objetivo de simples curiosidade, diversão ou interesse particular,
mas que a encare como coisa sagrada que deve ser utilizada para o bem de
seu semelhante, sustentada na elevação moral e no estudo sério e
edficante. Na primeira fase do desenvolvimento, o médium deve evitar
qualquer pretensão vaidosa no sentido de se supor capaz de grandes
feitos mediúnicos.
Aquele que se educa espiritualmente e amadurece seu
dom através doe sforço, do estudo e da disciplina moral passa a ser
assistido pelos bons espíritos, que o preservam das ciladas do mundo
invisível. Os bons médiuns são raros por falta de uma educação e um
adestramento seguro. A faculdade mediúnica é delicada e necessita de
acuradas precauções, perseverantes cuidados, método, aspirações nobres e
da conquista de uma cobertura espiritual de caráter elevado. O ambiente
da prática mediúnica deve ser seguro, organizado e sério, para evitar o
perigo de um falso desenvolvimento em que predominam as viciações, bem
como os condicionamentos, o automatismo, as falsas concepções do que
sejam os espíritos guias, as mistificações e a obsessão.
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