Fios de fumaça que perfumam o ar e transformam os ambientes com essências sutis. Emanando de varetas ou turíbulos, o uso do incenso propagou-se por todas as civilizações do globo. Nascido em tempos imemoriais, muitos lhe atribuem, entre outras coisas, o poder de facilitar o contato com realidades transcendentais.
Virgílio, em suas Metamorfoses, conta um antigo mito grego sobre o aparecimento do incenso. De acordo com a lenda, o incenso originou-se do amor de Hélios, o Sol, pela bela mortal Leucotéia, uma princesa da Pérsia. Afrodite, a deusa do amor, detestava o Sol, pois esse deus que tudo vê tinha revelado ao mundo suas inúmeras infidelidades. Decidida a vingar-se, ela abrasou o coração de Hélios com uma avassaladora paixão pela princesa e fez com que a mesma lhe correspondesse. Afrodite acreditava que quando o Sol sentisse a força do amor, se tornaria mais compreensivo e menos indiscreto.
Mas Leucotéia estava prometida em casamento ao soberano de um reino vizinho. Quando seu pai descobriu o romance ficou furioso e, num acesso de raiva, jogou a infeliz num abismo. Na alvorada do dia seguinte, o Sol despontou e saiu em busca da amada para acariciá-la com seus raios, mas já era tarde demais: Leucotéia estava morta.. Desesperado, Hélios cobriu o corpo da jovem com um néctar divino e disse, "Apesar de morta, tu subirás aos céus". Na mesma hora ela se transformou numa árvore, da qual brotava uma resina aromática que inebriou deuses e homens, dando origem ao incenso.
Só por este mito, cuja idade se perde na noite dos tempos, podemos ver que a história do incenso não é nada recente. Na verdade, ela é quase tão antiga quanto o próprio homem. A palavra perfume deriva do latim per fumum, que significa pela fumaça. Já incenso vem do latim incensum, cujo verbo é incendere e significa textualmente incendiar ou atear fogo. Alguns estudiosos dizem que o homem, antes mesmo de dominar o fogo, travou conhecimento com os perfumes através de incêndios espontâneos em grandes florestas, onde havia árvores cujo tronco era constituído de madeira odorífera — como, por exemplo, os pinheiros. Mais tarde, ele passou a queimar essas madeiras e folhas deliberadamente para sentir outra vez o aroma que tanto o agradara.
Na forma de varetas ou em turíbulos, o incenso reúne em si todos os quatro elementos da natureza — a água (na forma dos óleos essenciais), a terra (os elementos sólidos e a madeira), o ar (a fragrância) e o fogo (com o qual ardem para liberar os aromas) — e por isso está sempre presente no centro de qualquer trabalho ritualístico.História Milenar
Quando a humanidade superou a pré-história e tiveram início às primeiras civilizações, o uso do incenso tornou-se uma prática bastante disseminada. Mesopotâmicos, judeus, romanos, gregos, chineses, indianos — todos aderiram ao uso do incenso por suas fabulosas propriedades. Para se ter uma idéia de sua penetração nas mais variadas culturas, os Vedas — um conjunto de escrituras sagradas da Índia, com mais de 5 mil anos de idade —, trazem instruções precisas sobre como fabricar e utilizar os incensos. E no Antigo Testamento, no livro de Malaquias, podemos ler: “Desde onde o sol desponta até onde se põe, grande é o Meu Nome entre as nações; em todo lugar se oferece ao Meu Nome o perfume de incenso como uma oblação pura”.
Na verdade, o incenso ganhou tanta importância que quando nasceu o menino Jesus, os Reis Magos, vindos do Oriente, presentearam o Messias com ouro, incenso e mirra: um metal precioso e duas resinas aromáticas, muito usadas até hoje. Mesmo os chamados ‘povos primitivos’ possuem suas práticas de ritual de fumaça, onde folhas e madeiras resinosas são queimadas para exorcismos, invocações, etc.
Como podemos observar, a história do incenso é antiqüíssima, mas nem por isso ele envelheceu ou perdeu seu fascínio. Pelo contrário, o incenso torna-se mais jovem a cada dia e está cada vez mais presente em nosso cotidiano.
Muitas das propriedades atribuídas a determinadas fragrâncias, que antes eram restritas ao campo da magia, atualmente são confirmadas e explicadas pela moderna ciência da Aromaterapia. Sabe-se hoje que cada fragrância tem um efeito específico. Sua ação sobe os receptores olfativos induz modificações na bioquímica cerebral, o que se traduz em algum tipo de alteração psicológica. Todos sabemos, por experiência própria, que o cheiro de uma comida bem preparada imediatamente desperta o apetite; já um odor desagradável no ambiente nos dá vontade de abandoná-lo. Esses são exemplos simples do poder que o aroma tem em nossas vidas. Indo mais além, místicos de várias partes do planeta chegam a afirmar que o aroma dos incensos tem o poder de alinhar o cérebro com certas freqüências astrais, facilitando o contato do homem com as esferas do espírito.
Misticismos à parte, é importante observar que o emprego do incenso não se restringe unicamente a determinadas crenças ou religiões. Seu uso pode e deve ser natural, espontâneo. Todas as pessoas apreciam um bom perfume para colocar sobre o corpo. Por que não perfumar o ambiente onde vivemos e trabalhamos?Propriedades
Acompanhando a evolução dos tempos, a produção desse artigo milenar tornou-se uma arte minuciosa e bastante sofisticada. Madame Yuri, criadora do incenso Rosa Branca, o maior fenômeno de vendas no país o ano passado, explica a filosofia de sua empresa, a Paraíso dos Incensos: “Nós temos como máxima: Incenso é a Solução. E um dos diferenciais em nossa atividade é o uso intensivo de técnicas alternativas, como Astrologia, Tarô e essências florais na elaboração de nossas mercadorias. Sabemos, por experiência própria, que o cuidado com as condições energéticas do produto é tão importantes como o cuidado com sua qualidade física”.
A título de curiosidade, enumeramos as propriedades de alguns incensos. Você possa verificar a ação deles por experiência própria:
ABSINTO: perfume esotérico que estimula a imaginação, a criatividade e a sensualidade.
ALOE VERA: planta conhecida desde os tempos bíblicos por suas propriedades curativas, que agem do espírito para o corpo físico.
ANIZ ESTRELADO: atua tanto em nível material quanto emocional, produzindo estímulo de natureza positiva.
ALECRIM: planta mágica de longa tradição no Ocultismo. Exerce uma ação geral de proteção. Aumenta a capacidade de aprendizado. Acalma crianças e atrai o sexo masculino, sendo indicado para mulheres solitárias.
ALFAZEMA: incenso de alfazema. Relaxa e acalma a mente. Produz tranqüilidade nos negócios e relacionamentos.
ALMÍSCAR: aroma tradicional de ação afrodisíaca. Indicado para criar momentos de intimidade.
BENJOIN: atrai energias positivas e combate as negativas. Purifica o ambiente.
CAMOMILA: aroma leve e agradável com propriedades calmantes e sedativas.
CANELA: tem ação antidepressiva e aumenta a alegria de viver, trazendo boa sorte e felicidade.
CAPIM LIMÃO: possui efeito tônico e estimulante. Atua positivamente sobre pessoas depressivas e desanimadas.
CRAVO: aumenta a energia. Traz prosperidade e aumento de ganhos materiais.
EUCALIPTUS: estimula a mente. Aumenta a concentração. Promove modificação positiva na maneira de ver as coisas.
FLORAL: buquê de flores perfumadas que tranqüiliza e relaxa.
LAVANDA: relaxa e acalma a mente. Produz tranqüilidade nos negócios e relacionamentos.
MAÇÃ VERDE: aroma leve e sutil que beneficia a saúde física. Bastante útil para pessoas enfermas e convalescentes
MUSGO DE CARVALHO: utilizado pelos antigos druidas como poderoso regenerador. É aconselhável em trabalhos de cura, tanto emocional como material.
MIRRA: resina aromática usada desde a Antigüidade. Facilita o contato com os planos superiores, criando no ambiente uma atmosfera de prece e oração.
NOZ MOSCADA: melhora as condições materiais. Atrai dinheiro e aumenta o grau de segurança emocional.
ÓPIUM: desperta a sensualidade de forma envolvente e sutil. Proporciona êxtase e prazer.
PATCHOULI: proporciona paz de espírito. Facilita a meditação e aguça a intuição.
ROSA BRANCA: símbolo da pureza e da paz. Traz para o ambiente uma atmosfera de harmonia, tranqüilidade e compreensão. Produz paz interior e sintonia com as esferas mais elevadas do universo.
Em síntese, o incensos pode ser compreendido da seguinte maneira: ao mesmo tempo antigo e moderno, mágico e científico, regional e universal. Uma verdadeira ponte de ligação entre os homens e os deuses.
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