Zumbi dos Palmares, cuja morte, em 20 de novembro de 1695, motiva  a celebração, amanhã, em todo o país, do Dia da  Consciência Negra, foi um dos líderes do Quilombo dos Palmares,  o mais conhecido núcleo de resistência negra à escravidão  no país. 
 Segundo cronologia publicada na página da Secretaria Especial de  Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), órgão  ligado à Presidência da República, Palmares surgiu a partir  da reunião de negros fugidos da escravidão nos engenhos de açúcar  da Zona da Mata nordestina, em torno do ano de 1600. Eles se estabeleceram  na Serra da Barriga, onde hoje é o município de União  dos Palmares (AL). Ali, devido às condições de díficil  acesso, puderam organizar-se em uma comunidade que, estima-se, chegou a reunir  mais de 30 mil pessoas
 Muitos dos quilombolas eram índios e brancos pobres, como conta texto  na página da internet da Fundação Joaquim Nabuco, outro  órgão federal, com sede em Recife. Nabuco foi expoente do movimento  abolicionista. "A vida de Zumbi, o rei do Quilombo dos Palmares, é  pouco conhecida e envolta em mitos e discussões", alerta o texto  - vários dos trechos abaixo, portanto, são objeto de polêmicas  entre os historiadores.
 Ao longo do século 17, Palmares resistiu a investidas militares dos  portugueses e de holandeses - que dominaram parte do Nordeste de 1630 a 1654.  Segundo o historiador Pedro Paulo Funari, no artigo "A República  de Palmares e a Arqueologia da Serra da Barriga", em 1644, um ataque  holandês vitimou 100 pessoas e aprisionou 31, de um total de 6 mil que  viviam no quilombo. 
 Funari também afirma que o quilombo (termo derivado de língua  da região de Angola) era chamado pelos portugueses de República  dos Palmares, nos documentos da época, e termos como mocambo foram  posteriormente utilizados no sentido pejorativo. O quilombo era composto por  várias aldeias, de nomes africanos, como Aqualtene, Dombrabanga, Zumbi  e Andalaquituche, indígenas, como Subupira, ou Tabocas, e portugueses,  como Amaro. A capital era Macacos, termo de origem incerta (pode ser português  ou corrutela do banto macoco).
 Zumbi nasceu livre, em Palmares, provavelmente em 1655, e, segundo historiadores,  seria descendente do povo imbamgala ou jaga, de Angola. Ainda na infância,  durante uma das tentativas de destruição do quilombo, ele foi  raptado por soldados portugueses e teria sido dado ao padre Antonio Melo,  de Porto Calvo (hoje, em Alagoas), que o batizou de Francisco e ensinou-lhe  português e latim. Aos dez anos tornou-o seu coroinha. 
Com 15 anos, Francisco foge, retorna a Palmares e adota o nome de Zumbi -  termo de significado incerto. O nome de Zumbi apareceu pela primeira vez em  1673, em relatos portugueses sobre a expedição chefiada por  Jácome Bezerra, que foi desbaratada pelos quilombolas.
 Aos 20 anos, Zumbi destacou-se na luta contra os militares comandados pelo  português Manuel Lopes. Nesses combates, chegou a ser ferido com um  tiro na perna. 
 Em 1678, o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, propõe a Palmares  anistia e liberdade a todos os quilombolas. Segundo o historiador Edison Carneiro,  autor do livro "O Quilombo dos Palmares", ao longo dos quase 100  anos de resistência dos palmarinos, foram inúmeras as ofertas  como essa. 
 Ganga Zumba (possivelmente um título - nganga significa sacerdote,  e nzumbi "possui conotações militares e religiosas",  segundo Funari), então líder de Palmares, concorda com a trégua,  enquanto Zumbi é contra, por argumentar que o acordo favoreceria a  continuidade do regime de escravidão praticado nos engenhos. Zumbi  vence a disputa, é aclamado líder pelos que discordavam do acordo  e, aos 25 anos, torna-se líder do quilombo. 
 Ao longo da vida, Zumbi teria tido pelo menos cinco filhos. Uma das versões  diz que ele teria se casado com uma branca, chamada Maria. Ao longo de seu  reinado, Zumbi passou a comandar a resistência aos constantes ataques  portugueses.
Em 1692, o bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, uma espécie de  mercenário da época, comandou um ataque a Palmares e teve suas  tropas arrasadas. O quilombo foi sitiado e só capitulou em 6 de fevereiro  de 1694, quando os portugueses invadem o principal núcleo de resistência,  a Aldeia do Macaco.
 Ferido, Zumbi foge. Baleado, ele teria caído de um desfiladeiro,  o que deu origem à história de que teira se suicidado para evitar  a prisão. Resistiu na mata por mais de um ano, atacando aldeias portuguesas.  Em 20 de novembro do ano seguinte, depois de ser traído por um antigo  companheiro, Antonio Soares, Zumbi é localizado pelas tropas portuguesas.  
 Preso, Zumbi é morto, esquartejado, e sua cabeça é  levada a Olinda para ser exposta publicamente. Entre outros objetivos, o de  acabar com os boatos que corriam entre os negros escravizados do litoral de  que o líder quilombola era imortal.
Spensy Pimentel
Zumbi dos Palmares
 Zumbi, símbolo da resistência negra
Zumbi, símbolo da resistência negra Vinte de novembro é o Dia Nacional da Consciência Negra. A data  - transformada em Dia Nacional da Consciência Negra pelo Movimento Negro  Unificado em 1978 - não foi escolhida ao acaso, e sim como homenagem  a Zumbi, líder máximo do Quilombo de Palmares e símbolo  da resistência negra, assassinado em 20 de novembro de 1695.
O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos  foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a  organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse  uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não  pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras. 
Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos,  formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco,  localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola.  Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.  
Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares  foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes,  inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado  pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da  vila de Recife.
O menino, batizado pelo padre com o nome de Francisco, foi criado e educado  pelo religioso, que lhe ensinou a ler e escrever, além de lhe dar noções  de latim, e o iniciar no estudo da Bíblia. Aos 12 anos o menino era  coroinha. Entretanto, a população local não aprovava  a atitude do pároco, que criava o negrinho como filho, e não  como servo.
Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se  conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria  muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos  engenhos e praças públicas. Por isso, quando completou 15 anos,  o franzino Francisco fugiu e foi em busca do seu lugar de origem, o Quilombo  dos Palmares.
Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à  Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família  e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. Com os conhecimentos repassados  pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e  coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie  de ministro de guerra nos dias de hoje.
Com a queda do rei Ganga Zumba, morto após acreditar num pacto de  paz com os senhores de engenho, Zumbi assumiu o posto de rei e levou a luta  pela liberdade até o final de seus dias. Com o extermínio do  Quilombo dos Palmares pela expedição comandada pelo bandeirante  Domingos Jorge Velho, em 1694, Zumbi fugiu junto a outros sobreviventes do  massacre para a Serra de Dois Irmãos, então terra de Pernambuco.  
Contudo, em 20 de novembro de 1695 Zumbi foi traído por um de seus  principais comandantes, Antônio Soares, que trocou sua liberdade pela  revelação do esconderijo. Zumbi foi então torturado e  capturado. Jorge Velho matou o rei Zumbi e o decapitou, levando sua cabeça  até a praça do Carmo, na cidade de Recife, onde ficou exposta  por anos seguidos até sua completa decomposição. 
“Deus da Guerra”, “Fantasma Imortal” ou “Morto  Vivo”. Seja qual for a tradução correta do nome Zumbi,  o seu significado para a história do Brasil e para o movimento negro  é praticamente unânime: Zumbi dos Palmares é o maior ícone  da resistência negra ao escravismo e de sua luta por liberdade. Os anos  foram passando, mas o sonho de Zumbi permanece e sua história é  contada com orgulho pelos habitantes da região onde o negro-rei pregou  a liberdade.