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sábado, 22 de maio de 2010

Ramificações da Umbanda e a questão do médium incorporar uma entidade masculina ou feminina.


Desde a sua iniciação, a Umbanda tem sofrido modificações em seu modo de ser
e operar. Dessas modificações, cada um deu uma roupagem e nomenclatura
própria para se situarem perante a comunidade. Cremos que tudo isso não se
deu pelo simples fato de cada um querer impor a sua verdade, mas
simplesmente estavam realizando aquilo que suas mentes achavam estar
correto. Cada um, com certeza deu tudo de si, para o que estava fazendo
frutificasse, e no fim, todos estavam envidando esforços para praticarem o
que entendiam como religião. Hoje temos várias ramificações da Umbanda que
guardam raízes muito fortes das bases iniciais, e outras, que se absorveram
características de outras religiões, mas que mantém a mesma essência nos
objetivos de prestar a caridade, com humildade, respeito e fé. Alguns
exemplos dessas ramificações são:


Umbanda tradicional – Oriunda do Caboclo das Sete Encruzilhadas manifestado
no médium Zélio Fernandino de Moraes que lançou as base da fé de Umbanda,
onde se percebe que sua doutrina se baseia na caridade cristã ensinada por
Jesus Cristo quando encarnado na Terra;


Umbanda Cristã e/ou Umbanda de Cáritas – Umbanda praticada sem atabaques,
roupagens coloridas ou qualquer tipo de adereços externos. Toda calcada no
Evangelho de Jesus Cristo, reforma íntima, descarregos (desobsessão) e na
prática caritativa sem fins pecuniários. Aceita os Sagrados Orixás, não como
deuses, mas sim como denominações humanas para os poderes de Deus que se
manifestam na Natureza. Trabalha com as linhas de Caboclos, Pretos Velhos.
Crianças, Baianos, Boiadeiros, Marinheiros, Ciganos, Linha do Oriente e
Guardiões. Restringe o uso discriminado de oferendas e despachos. Faz largo
uso de rezas, defumações, banhos e ervas em sua liturgia.


Umbanda Popular ou Primitiva – Que era praticada antes de Zélio e conhecida
como Macumba; onde podemos encontrar uma forte influência africana e seus
cultos de nação. É uma Umbanda bastante africanizada e também percebemos o
sincretismo - Santos Católicos associados aos Orixás Africanos. Alguns
trabalhadores desta linha doutrinária também a denominam de Umbanda de
Pretos em contrapartida a suposta “Umbanda de Brancos”, ou seja, um
embraquecimento cultural da Umbanda ocorrida durante o século XX;


Umbanda de Mesa – De expressiva influência da chamada “doutrina Kardecista”
ou seja, do espíritismo codificado por Allan Kardec. Nesse tipo de Umbanda,
em grande parte, não encontramos elementos africanos (Orixás), nem o
trabalho dos Guardiões, ou a utilização de elementos como atabaques, fumo,
imagens e bebidas. Essa linha doutrinaria se prende mais ao trabalho de
Guias como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças. Também podemos encontrar a
utilização de livros espíritas como fonte doutrinária.


Umbanda Omolokô – Iniciada pelo Tatá Trancredo da Silva, onde encontramos um
misto entre o culto dos Orixás e o trabalho direcionado dos Guias, sendo
mais comum aos estado da região sul do Brasil;


Umbanda Traçada, Trançada, Cruzada ou Umbandomblé – Onde existe uma
diferenciação entre Umbanda e Candomblé, mas o mesmo sacerdote ora vira para
a Umbanda, ora vira para o candomblé em sessões diferenciadas. Não é feito
tudo ao mesmo tempo. As sessões são feitas em dias e horários diferentes;


Umbanda Esotérica ou Aumbhandan – É diferenciada entre alguns segmentos
oriundos de Oliveira Magno, Emanuel Zespo e o W. W. da Matta (Mestre
Yapacany), em que intitulam a Umbanda como a Aumbhandan: "conjunto de leis
divinas";


Umbanda Iniciática - É derivada da Umbanda Esotérica e foi fundamentada pelo
Mestre Rivas Neto (Escola de Síntese conduzida por Yamunisiddha Arhapiagha),
onde há a busca de uma convergência doutrinária (sete ritos), e o alcance do
Ombhandhum, o Ponto de Convergência e Síntese. Existe uma grande influência
Oriental, principalmente em termos de mantras indianos e utilização do
sânscrito;


Umbanda de Caboclo – Influência do cultura indígina brasileira com seu foco
principal nos guias conhecidos como "Caboclos";


Umbanda de Pretos Velhos – Influência da cultura Africana, onde podemos
encontrar elementos sincréticos, o culto aos Orixás, e onde o comando e
feito pelos Pretos Velhos;


Existem muitas outras formas de vivenciar a Umbanda e todas se forem
vivenciadas do amor, com amor, por amor serão legítimas. Muitas outras
formas existem, mas não têm uma denominação apropriada. Se diferenciam das
outras formas de Umbanda por diversos aspectos peculiares, mas que ainda não
foram classificadas com um adjetivo apropriado para ser colocado depois da
palavra Umbanda.


*A QUESTÃO DO MÉDIUM INCORPORAR UMA ENTIDADE MASCULINA OU FEMININA
Trecho extrido do livro: O ABC do servido umbandistas - Pai Juruá - no prelo
*
Vamos esclarecer que tanto o médium feminino como o masculino pode
incorporar Entidades Espirituais masculinas ou femininas sem maiores
problemas. O que existe é um grande preconceito por parte do médium
masculino que se recusa a incorporar uma entidade feminina, pois acha que
isso vai alterar a sua masculinidade, ou mesmo afetar o seu jeito de ser
quando esta incorporado, assumindo trejeitos femininos. Isso é absurdo.


Cremos que muitos médiuns masculinos se recusam a tais incorporações, devido
ao fato de terem presenciado os excessos cometidos por certos “médiuns”
incautos e desequilibrados, durante sua vida mediúnica.


Na fase de incorporação, tanto o médium feminino quanto o masculino poderão
trabalhar normalmente com uma Entidade Espiritual masculina ou feminina
ativando o seu corpo astral, que não haverá problemas quando a rotação for
invertida ou não.


O Corpo Astral de todo ser humano tem um movimento rotatório e esse
movimento absorve ou repele as energias emanadas do Universo, da Natureza e
da mente. O movimento rotatório no ser feminino tem uma rotação anti-horária
e no ser masculino uma rotação horária.


O médium masculino poderá incorporar um espírito feminino, qualquer um –
seja Guia Espiritual ou mesmo uma Guardiã (Pomba Gira) – sem maiores
alterações. Simplesmente acontece que, quando incorporado com uma Entidade
feminina, tem a rotação magnética do seu Corpo Astral alterada
intermitentemente durante o tempo que durar o transe e a única coisa que
poderá ocorrer, com o tempo, é uma certa alteração em sua constituição
sutil, tornando-se mais “sensível e emotivo”, mas não alterando a sua
sexualidade. O mesmo acontece com o médium feminino, que poderá incorporar
um espírito masculino, qualquer um – seja Guia Espiritual ou mesmo um Exu –
(Guardião). Só que o que vai ocorrer é uma alteração em sua constituição,
tornando-se mais racional. Vejam portanto, que incorporar uma Entidade
masculina ou feminina em nada vai alterar a sexualidade; somente vai trazer
benefícios, pois todos alcançarão um equilíbrio que provavelmente lhes
faltava.


Uma entidade espiritual incorporada, além de não alterar a sexualidade de
ninguém, também não fará mudanças radicais, se portando com trejeitos
femininos ou masculinos, mostrando total falta de decoro ou moral. Portanto,
um Guia masculino ou Guardião (Exu) não vai se comportar com trejeitos
masculinos (machão) incorporados em uma mulher, assim como um Guia feminino
ou Guardiã (Pomba Gira) não vai se comportar com trejeitos femininos
incorporados em um homem. O máximo que pode acontecer é um Guia masculino se
apresentar mais firme em seu modo de ser e um Guia feminino ser mais
sensível, mas, jamais se manifestará com trejeitos que comprometam a imagem
do seu médium.


Importante: “Nenhuma entidade espiritual, seja ela masculina ou feminina,
usará trajes que demonstrem suas identidades regionais, fazendo seu médium
passar por situações ridículas. O máximo que poderá acontecer é uma médium
incorporada com uma Preta Velha, Cigana ou mesmo Guardiã (Pomba Gira),
colocar uma saia branca (simples por sinal), antes de incorporar, por cima
da calça, sem desmandos, rendas e lamês. Num médium masculino, nenhuma
entidade espiritual fará uso de roupas diferenciadas do uniforme do Templo.
Entidade Espiritual de Lei não possui vaidade. Os desmandos presenciados,
com certeza são da cabeça do médium, que com certeza nesse momento estará
externando seus mais recônditos desejos, colocando para fora uma vontade
incontida de se travestir, e com isso usa, muitas vezes inconscientemente, o
momento de estar “incorporado” de uma entidade feminina ou masculina, e se
sente com o aval de assim se portar, pois para todos os presentes, ele,
médium, esta “possuído” por um espírito que se porta daquela maneira.


Outro fato presenciado por nós, e muito, são médiuns masculinos recusarem-se
mentalmente em aceitar uma entidade feminina como mentora, e o que vai
ocorrer é que essa entidade, geralmente usará o artifício de plasmar um
corpo masculino, a fim de poder trabalhar. Segundo o nosso conhecimento, na
Umbanda, sabemos existirem Caboclas, Pretas Velhas, Crianças e Baianas, que
poderão ser mentoras de um médium masculino. As Ciganas, Guardiãs (Pombas
Gira), Boiadeiras, e qualquer espírito feminino se comunicarão através da
incorporação, mas não como mentoras.


Trecho extrido do livro: O ABC do servido umbandistas - Pai Juruá - no prelo

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