Semper ascendens: “De muito longe venho, em surtos milenários; vivi na luz dos sóis, vaguei por mil esferas e, preso ao turbilhão dos motos planetários, fui lodo e fui cristal, no alvor de priscasras. Mil formas animei, nos reinos multifários: fui planta no verdor de frescas primaveras e, após desenvolver impulsos embrionários, galguei novos degraus: fui fera dentre as feras. Depois que em mim brilhou o facho da razão, fui o íncola feroz das tribos primitivas e como tal vivi, por vidas sucessivas. E sempre na espiral da eterna evolução, um dia alcançarei, em planos bem diversos, a glória de ser luz, na Luz dos universos”.
Espíritos que somos, fomos todos criados “simples e ignorantes, isto é, sem saber”, devendo, através das múltiplas chances encarnatórias, conhecer a verdade e palmilhar a estrada da evolução rumo à perfeição, o que nos proporcionará “a pura e eterna felicidade”, que é nossa destinação.
Jesus, há mais de dois mil anos, ensinou-nos o Mandamento do Amor, base indispensável para qualquer melhoria individual e coletiva. A seguir, com as importantes parábolas, Ele nos exemplificou quais atitudes devemos ou não tomar. E, como roteiro seguro, receita para essa escalada luminosa rumo ao progresso, legou-nos as Bem-aventuranças, verdadeiro “coração” do Sermão da Montanha: aí, nessas pérolas inigualáveis de sabedoria e doçura, encontramos, em maravilhosa simplicidade, os recursos íntimos que devemos desenvolver em nós a fim de capacitar-nos para pensar, sentir e agir no bem.
Mais tarde, em pleno século XIX, a Doutrina Espírita veio, com a permissão de Deus e sob a orientação do Cristo, recordar-nos seus ensinos, enfatizando a necessidade de que os sigamos para sermos realmente felizes, o que é o anseio de toda a Humanidade.
Assim, com esclarecimentos detalhados, é-nos sinalizada, como imprescindível, a nossa reforma íntima, único meio de alcançarmos nossas metas de júbilo e pureza. Aliás, Jesus já nos animava a encetar essa reconstrução interior, ao afirmar: “Vós sois a luz do mundo. Vós sois o sal da terra”.
E nós, como estamos? Apesar de todas essas informações, de todos esses avisos,muitos de nós ainda estamos claudicantes nesse mister, às vezes até caminhando invigilantes, descuidados, esquecendo que, embora o progresso seja uma lei divina, nós somos seres inteligentes: “o princípio inteligente do Universo”,7capazes de alcançar patamares evolutivos superiores, mais ou menos rapidamente, conforme o uso que façamos de nosso livre-arbítrio.
Por que é tão difícil praticarmos com autenticidade a Lei de Amor? Para algumas pessoas, a palavra “amor” encerra tanta grandeza, tanta sensação de incomensurável, que não raro se sentem esmagadas” e incompetentes ante esse peso, praticamente desistindo dessa inadiável empreitada.
Todos nós precisamos entender que “reformar”significa “novamente dar forma a alguma coisa”,“modificá-la para melhor”, e, porque não, “retocá-la”, “embelezá-la”... É higienizarmos nosso interior, sanando-o de miasmas pestilenciais, eliminando sombras persistentes, as quais, desavisadamente, permitimos que nos invadissem, e que insistem em querer ocultar a luz da verdade que irá nos libertar.
Um bom amigo nosso (Milton Menezes), em suas explanações em tarefas espíritas, costuma alertar a seus ouvintes de que, se não nos achamos aptos ainda a cultivar o amor incondicional, devemos dedicar-nos corajosa e persistentemente a semear e cultivar os “filhotes do amor” (respeito, paciência, tolerância, humildade, simplicidade etc.).
Desse modo, embora enfrentando numerosas dificuldades individuais, iremos paulatinamente eliminando erros e edificando virtudes, as quais nos levarão ao Amor Incondicional, semelhante ao de Jesus. Por conseguinte, ouçamos a voz de Jesus em nós, e, com perseverança, anulemos conscientemente os adornos enganosos do Homem Velho, que nos cerceiam a evolução, e dediquemo-nos a esculpir em nós mesmos o Homem Novo, tornado-nos Cidadãos do Universo, dignos filhos amados de nosso Pai.
Não tenhamos dúvida de que, então, estaremos transformando a Terra realmente num mundo azul, belo e evangelizado. Recordemos as palavras judiciosas do Dalai Lama: Se você quer transformar o mundo, experimente primeiro promover o seu aperfeiçoamento pessoal e realizar inovações no seu próprio interior.
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