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terça-feira, 20 de abril de 2010

SARAVÁ PAI OGUM GUERREIRO


**Ogum como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé.


Era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros Estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, “Rei de Irê”.



Por razões que ignoramos, Ogum nunca teve o direito a usar uma coroa (adé), feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de missangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza para os iorubás. Foi autorizado a usar apenas um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nome de Ògún Oníìré e Ògún Aláàkòró inclusive no Novo Mundo, tanto no Brasil como em Cuba, pelos descendentes dos iorubás trazidos para esses lugares.



Ogum teria sido o mais enérgico dos filhos de Odùduà e foi ele que se tornou o regente do reino de Ifé quando Odùduà ficou temporariamente cego (informação pessoal do Óòni(rei) de Ifé em 1949). Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho (informação pessoal do Oníìré em 1952).



Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo.



Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma.



Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase ògún je ajá (Ogum come cachorro), o que lhe valeu o nome de ògúnjá. Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, se não encontrar inimigos diante de si, é sobre o imprudente que Ogum se lançará.



Como Orixá, Ogum é o deus do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores.



Desde o início do século, os mecânicos, os condutores de automóveis ou de trens, os reparadores de velocípedes e de máquinas de costura vieram juntar-se ao grupo de seus fiéis. Ogum é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes. Ògún méjeje lóòde Iré, frase que faz alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê.



O número 7 é, pois, associado a Ogum e ele é representado, nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flexa e enxó, simbolos de suas atividades.**



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! Dá força para vencer demandas e habilidade para lidar com ferro !



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****Ógun Olulonan, Ógun Assiuádju,

Ógun Ogueré, Auá Medji Patakori,

Jésse Jésse, Ógun Kambierin.*

Ogunhê!



Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e dos procedimentos.



O Trono da Lei é eólico e, ao projetar-se, cria a linha pura do ar elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás diferenciados em todos os aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por Ogum e o pólo negativo é ocupado por Iansã.



Esta linha eólica pura dá sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento. Uns têm como segundo elemento o fogo, outros têm na água seu segundo elemento, etc.



Portanto, na linha pura do “ar elemental” só temos Ogum e Iansã como regentes.



Mas se estes dois Orixás são aplicadores da Lei (porque sua natureza é ordenadora), então eles se projetam e dão início às suas hierarquias naturais, que são as que nos chegam através da Umbanda.



Os Orixás regentes destas hierarquias de Ogum e Iansã são Orixás Intermediários ou regentes dos níveis vibratórios da linha de forças da Lei.



Saibam que Oxalá tem sete Orixás Intermediários positivos e tem outros sete negativos, que são seus opostos, e tem sete Orixás neutros; Oxum tem sete Orixás intermediárias positivas e tem outras sete negativas, que são suas opostas; Oxóssi tem sete Orixás intermediários positivos, sete negativos, que são seus opostos, e tem sete outros que formam uma hierarquia vegetal neutra e fechada ao conhecimento humano material; Xangô tem sete Orixás intermediários positivos e tem sete negativos, que são seus opostos. E o mesmo acontece com Obaluayê e Yemanjá.



Agora, Ogum e Iansã são os regentes do mistério “Guardião” e suas hierarquias não são formadas por Orixás opostos em níveis vibratórios e pólos magnéticos opostos, como acontece com outros. Não, senhores!



Ogum e Iansã formam hierarquias verticais retas ou seqüenciais, sem quebra de “estilo” , pois todos os Oguns, sejam os regentes dos pólos positivos, dos neutros ou tripolares, ou dos negativos, todos atuam da mesma forma e movidos por um único sentido: aplicadores da Lei!

Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade, rigidez e firmeza, pois mão se permitem uma conduta alternativa.



Onde estiver um Ogum, lá estarão os olhos da Lei, mesmo que seja um “caboclo” de Ogum, avesso às condutas liberais dos freqüentadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores.



Dizemos que Ogum é, em si mesmo, os atentos olhos da Lei, sempre vigilante, marcial e pronto para agir onde lhe for ordenado. ***



**Texto de autoria de Pierre F. Verger

***TRECHOS EXTRAÍDOS DO LIVRO “O CÓDIGO DE UMBANDA



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ARQUÉTIPO



(Do livro “Orixás – Pierre Fatumbi Verger – Editora Corrupio”)



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O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhes prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas. **



**Texto de autoria de Pierre F. Verger



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AS LENDAS DE OGUM



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OGUM, Orixá masculino da cultura Iorubá, é o filho mais velho de Oduduá com Yemanjá. Sendo o mais enérgico, ele tornou-se Rei de Ifé, quando Oduduá (fundador de Ifé) ficou cego.

OGUM era um guerreiro terrível. Brigou com reinos vizinhos a Ifé, aumentando cada vez mais o seu reinado. Destruiu a cidade de Ará e de Irê.



Em Irê, ele guerreou, matando o rei e instalou seu próprio filho no trono e passou a usar o título de ONIRÊ (Rei de Irê).



OGUM é o Orixá Deus do Ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, mecânicos, etc…



Em Irê, diz-se que OGUM é composto de 7 (sete) partes: OGUM MEJÉJÉ LOODE/IRÊ (Ogum são sete não só Irê) frase que se refere as sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiram em volta de Irê. Mas sobre as 7 partes de Ogum, existem muitas lendas, entre tantas, duas são as mais conhecidas e o relaciona com Oyá.



A primeira, conta que Ogum preparou-se para ir à guerra; Oyá sua esposa, também guerreira, quis acompanhá-lo. Ogum proibiu-a de seguí-lo. Oyá muito astuta e não querendo por nada deixar de guerrear ao lado do marido, vestiu uma das suas roupas, prendeu os cabelos por baixo de um capacete e seguiu-o.

A luta foi muito grande, Ogum estava quase a perdê-la, quando Oyá, levantou sua espada e lutou por ele.



Vencida a batalha por Oyá, Ogum quis saber quem era o garboso guerreiro. Oyá muito orgulhosa, tirou o capacete e soltou os cabelos, Ogum reconhecendo a sua esposa, mais orgulhoso do que ela, não admitindo ter sido salvo por uma mulher, levantou sua espada para matá-la. Oyá ao mesmo tempo também levantou a sua para defender-se. As espadas tocaram-se no ar. Travaram então uma grande luta onde Ogum cortou Oyá em nove e Oyá cortou Ogum em sete.



Outra lenda sobre os 7 Oguns, também relacionada a Oyá, conta que ela era a companheira de Ogum. Oyá ajudava o marido no trabalho de forjar o ferro. Todos os dias Oyá carregava seus instrumentos e ia para a oficina, onde manejava o fole para ativar o fogo da forja. Ora ela manejava o fole, ora ela soprava um vento, para ativar o fogo. Ogum ofereceu a Oyá, pela ajuda que essa lhe dava, uma vara de ferro, semelhante a uma que ele possuiu e que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove, se por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.



Xangô gostava de sentar-se próximo, a fim de apreciar Ogum bater o ferro, e de vez em quando lançava olhares a Oyá, e esta também olhava Xangô, que era muito elegante. Os cabelos de Xangô eram trançados com búzios como de uma mulher, usava brincos, colares e pulseiras. Sua beleza e seu poder fascinavam Oyá que nada disso via em Ogum. Um dia Oyá fugiu com Xangô. Ogum perseguiu-os. Encontrou-os, brandiu sua vara mágica. Oyá fez o mesmo e eles se tocaram ao mesmo tempo. Assim Ogum foi dividido em sete e Oyá em nove, recebendo ele o nome de Ogum Mejéje (sete) e ela Yámessan (nove).



O número sete é pois associado a Ogum. O sete está presente em todos os lugares que lhe é consagrado, por instrumentos de ferro em numero de sete, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flecha e enxó, que são os símbolos de suas atividades.



Outra lenda conta que Ogum, depois de muitos anos, voltou a cidade de Irê. No dia de sua chegada, os habitantes da cidade celebravam uma cerimônia em que ninguém podia falar sob nenhum pretexto. Ele sentia sede, viu vários potes de vinho de palma. Aproximou-se deles e verificou que estavam vazios. Ninguém o saudou nem respondia às suas perguntas. Não foi reconhecido por ninguém. Como sua paciência era quase nenhuma, foi dominado por uma grande fúria. Começou a quebrar, com sua espada, os potes e arrrancar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, reconhecendo seu pai. Por meio de gestos, mandou que servissem a ele vinho e a sua comida predileta, como cães, feijão regado com azeite de dendê.



Enquanto Ogum saciava sua sede e matava sua fome, os habitantes de Irê, já libertos do silêncio, pois a cerimônia que celebravam terminara, cantaram louvores a Ogum, onde o chamavam de OGUM JÉ OJÁ (Ogum come cachorro) o que lhe valeu o nome de OGUNJÁ. Ogum lamentando seus atos violentos, declarou que já havia vivido o bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção a terra e desapareceu pela terra a dentro, com um barulho assustador. Outros contam que ele lançou sua espada no ar e subiu para ORUM, com ela e foi habitar a lua. Antes porém de desaparecer, Ogum pronunciou algumas palavras. Se alguém pronunciar essas palavras durante uma batalha Ogum vem e guerreia por essa pessoa. Mas essas palavras não podem ser usadas em outras circunstâncias, se Ogum não encontrar inimigos diante de si, é sobre o imprudente que sua ira se lançará.



Ogum é sem dúvida alguma, um dos Deuses Iorubanos mais conhecidos, mais cultuado e temido. Às vezes, até mesmo, mais temido do que Exú, sobre o qual, tem total domínio. Como é o filho de Oduduá e Yemanjá, mais velho e considerado o mais antigo Orixá Iorubano, e em virtude de sua ligação com metais, sem sua permissão e sua proteção, nenhuma atividade seria proveitosa; é o dono do obé (faca). Entretanto outros Deuses mais antigos que Ogum, originários de países vizinhos, mesmo assimilados pelos Iorubanos, não aceitavam de bom grado a primazia assumida e concedida a Ogum, por Oduduá. Essas diferenças, até hoje não foram resolvidas e deu origem a conflitos entre Nanã e Ogum, isto porque Nanã, o mais antigo Orixá da Nação de Daomé (uma espécie de Orixalá dos Iorubanos) não aceita o comando de Ogum. Por isso, nenhum animal oferecido a Nanã, podia ser cortado com o obé de metal e sim com o de madeira.



(1) Ogum foi o segundo filho de Iemanjá e era muito ligado ao irmão mais velho, Exu. Os dois eram muito aventureiros e brincalhões, estavam sempre fazendo estrepolias juntos. Quando Exu foi expulso de casa pelos pais, Ogum ficou muito zangado e resolveu acompanhar o irmão. Foi atrás dele e por muito tempo os dois correram mundo juntos. Exu, o mais esperto, resolvia para onde iriam; e Ogum, o mais forte e guerreiro, ia vencendo todas as dificuldades do caminho. É por isso que Ogum sempre surge no culto logo depois de Exu, pois honrar seu irmão preferido é a melhor forma de agradá-lo; e enquanto Exu é o dono das encruzilhadas, Ogum governa a reta dos caminhos.



(2) Quando Ogum conquistou o reino de Irê, deu o trono para o filho e partiu em busca de novas batalhas. Anos depois, ele voltou ; mas chegou no dia de uma festa religiosa em que todos deviam guardar silêncio. Sentindo sede, quis beber, mas o vinho havia sido todo usado no ritual religioso; pediu comida e ninguém lhe respondeu, por causa da proibição religiosa. Pensando que o desprezavam, Ogum puxou a espada e matou todo mundo. Quando terminou a cerimônia religiosa, o filho veio ao encontro de Ogum, prestou-lhe todas as homenagens e ofereceu-lhe um banquete. Quando lhe explicaram o que ocorrera, Ogum ficou horrorizado com seu crime. Cravou a espada no chão e fez com que se abrisse um grande buraco por onde se afundou, tornando-se desde então um Orixá.



(3) Depois que Exu foi expulso de casa pelos pais, ficou decidido que Ogum, o segundo filho, seria o sucessor do pai no governo. Entretanto, Ogum não gostava desse tipo de atividade. Seu prazer estava nas aventuras. Quando substituiu o pai durante uma viagem deste, Ogum deixou de lado as funções de governante, dedicando-se a passeios e confusões com os amigos. Estava sempre se metendo com as namoradas alheias e arrumando brigas. Para mantê-lo sossegado, então, o pai lhe deu o comando do exército e a missão de responder às agressões ao reino e de conquistar novos territórios. Nessas atividades, ele foi muito bem sucedido.



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INSÍGNIAS REAIS E OFICIALATO



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O dendê ou dendezeiro, Elaeis guineensis Jacq. é uma palmeira africana aclimatada no Brasil. Ogun é representado pelas franjas de folhas desfiadas dessa palmeira: o mariwó. Além de insígnia do orixá, o mariwó é também proteção e defesa: dependurado sobre portas e janelas ou à entrada dos caminhos, afasta bruxedos e influências maléficas.

A principal insígnia de Ogun é a espada, que ele empunha com ar marcial, quando manifestado, dança no candomblé. Ao deparar, em sua dança, com outro orixá também empunhando uma espada, Ogun terça armas com ele e as lâminas se entrechocam, ritmadas, como na pirrica dos Gregos.



Na Bahia, Ogun é sincretizado com Santo Antônio, capitão do exército brasileiro, com direito a soldo. Sua espada e seu uniforme de gala como capitão, doados por uma beata, foram conservados pelos franciscanos da Bahia, segundo Verger, que fotografou, na igreja, o sabre e o fardamento do santo.



Santo Antônio, que sentou praça no Forte da Barra em fins do século XVI, como simples soldado, foi promovido a capitão em 1705 e a major durante a última guerra mundial. Debret atribuiu ao santo casamenteiro o posto mais elevado da hierarquia militar, como “marechal dos exércitos do rei e comandante das Ordens de Cristo, na Bahia.”

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OGUN NA UMBANDA



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No Rio de Janeiro a festa de Ogun é a 23 de abril, dia de São Jorge, com quem está identificado.



As comemorações têm início às 5 da manha, com a alvorada a cargo das fanfarras da cavalaria da Polícia Militar. Mais tarde, a banda de música da corporação executa marchas e dobrados festivos e, solenes, desfilam seus cavalarianos.



Centenas de fiéis visitam a igreja onde o santo é orago, na Praça da República, e beijam uma fita presa à imagem de São Jorge montado no cavalo branco, com o elmo emplumado, um escudo e um estandarte.



E à noite, em todos os terreiros, os atabaques vão bater até de madrugada.



Na umbanda a linha de Ogun é desdobrada nas legiões de Ogun Beira-Mar, Ogun Iara, Ogun Megê, Ogun Naruê, Ogun Malei e Ogun Nagô.



Santo guerreiro, suas armas mágicas são a espada-de-são-jorge (Sansevieria Zeylanica Willd.) e a lança-de-ogun (Sansevieria cylindrica L.) liliáceas da África Equatorial, aclimatadas no Brasil.



O nome espada-de-são-jorge é devido à forma da folha carnosa, que lembra uma larga e longa lâmina de arma branca, com dois gumes, o ápice acuminado.



Costuma ser plantada em vasos, jardineiras ou canteiros, em residências ou à entrada de casas comerciais, como espada capaz de defender dos malefícios.



Nos terreiros umbandistas, a espada-de-são-jorge é brandida principalmente pelo pai-de-santo, como veículo de passes ou para fustigar os maus espíritos, afastando-os.



É uma das plantas usadas em banhos lustrais ou de proteção.



Serve para sinais cabalísticos, traçados no ar, durante consultas ou cerimônias. Tivemos oportunidade de ver orixás utlizá-la na sagração dos noviços, como acontecia com os reis e cavaleiros medievais.



Na lança-de-ogun, conforme o próprio nome indica, a folha carnosa é cilíndrica e pontiaguda, como uma lança. Embora utilizada em menor escala, suas atribuições rituais e poderes mágicos têm semelhança com os de espada-de-são-jorge.



Nos terreiros de umbanda Ogun é reverenciado como “santo forte” e “vencedor de demanda.



Sua cor é o vermelho rútilo.



Seus pontos riscados mostram lanças, espadas, flâmulas, granadas e outras representações bélicas.



Seus pontos cantados, também marciais, têm até reminiscências da guerra do Paraguai, pois “Ogun já jurou bandeira/na porta de Humaitá”.



Guerreiro, “ele é soldado de cavalaria, é capitão, é major do dia”, logo promovido a “Ogun, general da umbanda”.



Sua efígie é a do santo católico enfrentando o dragão com a lança, o cavalo em curveta.



Essa efígie dos gongás umbandistas é vista por toda parte, em estampas ou imagens, adornada de flores e iluminada por uma luzinha vermelha, em residências, casas comerciais, botequins, fazendo de São Jorge-Ogun o santo mais popular e de maior devoção dos cariocas e dos fluminenses, seus vizinhos.



Em São Paulo, no Museu de Arte Sacra, à Av. Tiradentes, existe uma imagem de São Jorge do séc. XVIII, exposta montada num cavalete.



A imagem, de madeira, tamanho natural, é articulada e, nos tempos coloniais, saía à ruas nas procissões, montada num cavalo de verdade, puxado pela rédea.



Um dia o cavalo se assustou e a imagem caiu sobre um popular, ferindo-o, o que levou a vítima a juízo, em processo contra o santo.

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OGUM – MARTE



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Deus da guerra, é um outro orixá que luta pela sua liberdade e independência. Tem por atributos o metal, as armas e as ferramentas. Não para, está sempre procurando o que fazer ou alguém para incomodar. É a criança dos orixás, o eterno filho. Egoísta, instável e emocional. Por tudo isso assemelha-se a Áries ou Marte, seu regente.



OGUM tem relação com o FOGO ou com Planetas e Casas desse elemento — MARTE e JÚPITER e Casas I, V e IX — Casas de Áries I; V, de Leão e 9, de Sagitário, regidas respectivamente por Marte, Sol e Júpiter.



Os filhos e filhas de Ogum são arrojados e impulsivos como o própio Marte. Estão sempre com pressa… jogam as idéias (as sementes) e não têm tempo para vê-las frutificar. Por isso, deixam de recolher os frutos de seu trabalho permitindo que outros colham os “louros” de seus esforços.



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O DEUS DO FERRO E DA GUERRA



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Ogum é o Orixá deus da guerra. Seu nome traduzido para o português significa luta, briga, batalha. É a divindade da metalúrgica, do ferro, aço e ouros metais fortes. Ogum está ligado a todos os Orixás. Vem sempre à frente dos demais Orixás. É o dono da abertura dos caminhos dos seus filhos e adeptos.



Ogum é visto como o lutador e conquistador, sempre ao lado de Exu , Orixás solicitados para abertura de caminhos dos seres humanos. Orixá da defesa, pode até evitar briga, mas gosta de lutar e quando isso acontece é imbatível. No Candomblé é o grande general, marechal de todas a lutas, pai rígido, severo, mas também compreensível. Ogum também é a viagem, a estrada longa, os veículos, a estrada de ferro.



Ogum é filho de Iemanjá e irmão mais velho de Exu e Oxossi. Ogum era um bom filho, bom irmão, bom caçador, atencioso e trabalhador. Por ter o seu irmão Exu

que sempre vivia pelo mundo e seu irmão Oxossi mais descansado, Ogum cuidava da sua casa e família. Ogum tinha um grande desejo que era de ganhar o mundo, como fazia o seu irmão Exu.



Ogum veste saiote e atacã com as cores azul escuro, capacete confeccionado em latão ou pano bordado com plumas nas cores azulão e branco, no pescoço colares de conta-azul e na mão uma espada.



Ogun (nagôs), Gu (jejes), Sumbo e Rocha Mukumbe (angolas), Nkôce Mukumbe(congos).



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DIA RITUAL

Terça ou Quinta-feira.



FESTA

13 de junho, dia de Santo Antônio.



COR

No Candombé, Azul anil; na Umbanda, Vermelho e Branco



COLARES

Contas diáfanas, azul-marinho.



INDUMENTÁRIA

Na indumentária, predomina o metal branco brunido: no capacete, na espada, nas perneiras (eventuais), nos largos punhos e braceletes; saia armada; duas faixas largas na cintura (ojás), com um laço na frente.



SACRIFÍCIOS

Bode e galo. (Na África sacrificam-se cães a Ogun).



COMIDAS

Pipoca (doburu), feijão e inhame assados, com azeite-de-dendê. Adalu, Angú com miúdos, Vatapá, Guisado de Carne, Farofa.



GRITO DE GUERRA

Guará-mim-fô !



SAUDAÇÃO

OGUN-IÊ



NATUREZA

Jazidas de ferro, caminhos, veículos.



METAL

Ferro



PEDRAS

Lápis-lazúli, topazio azul.



PERFUMES

Drakkar, silvestre, Eau Sauvage.

Como usar: no corpo inteiro, às terças, alternando a cada semana.



FILHOS FAMOSOS

Zumbi dos Palmares, Samora Machell, Júlio César, Ted Roosevelt.



TALISMÃ

Fio de miçangas azul-marinho, banhado em água de folha de alevante.



OFERENDA

Inhame assado ou cozido e feijão ferventado, colocado em estrada.



ANIMAL

Cavalo.



BEBIDA

Cerveja Clara.



DOMÍNIO

a reta dos caminhos, as lutas, o trabalho.



ELEMENTO

Terra



PLANTAS

Beldroega, Caruru, Espada de Ogum, Guiné.



PRESENTES FAVORITOS

Flores vermelhas, Velas, Charutos, suas Comidas e Bebidas.



RECEBE OFERENDAS

Nos caminhos e estradas de ferro; no centro das encruzilhadas.



QUINZÍLIA

lugares fechados, Quiabo



SÍMBOLOS

Enxada, Facão, Ferramentas, Martelo, Pá, Picareta, Serrote.



SINCRETISMO *

São Jorge em 23 de Abril *

São Sebastião em 20 de Janeiro.

No Tarot – O nº 11 fala fala do pecado, um passo além dos 10 mandamentos. Características: força moral, coragem, auto-disciplina, controle, obstinação, violência suave, diplomacia. A mensagem é: As batalhas mais importantes você trava em seu íntimo, com ou sem afeto.-



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ERVAS



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Açoita-cavalo – Ivitinga: Erva de extraordinários efeitos nas obrigações, nos banhos de descarrego e sacudimentos pessoais ou domiciliares. Muito usada na medicina caseira para debelar diarréias ou disenterias, e usada também no reumatismo, feridas e úlceras.



Açucena-rajada – Cebola-cencém: Sua aplicação nas obrigações é somente do bulbo.Esta cebola somente é usada nos sacudimentos domiciliares. A medicina caseira utiliza as folhas como emoliente.



Agrião: excelente alimento. Sem uso ritualístico. Tem um enorme prestígio no tratamento das doenças respiratórias. Usado como xarope põe fim às tosses e bronquites, é expectorante de ação ligeira.



Arnica-erca lanceta: É empregada em qualquer obrigação de cabeça, nos abô de purificação dos filhos do orixá Ogum. Excelente remédio na medicina caseira, tanto interna como externamente, usado nas contusões, tombos, cortes e lesões, para recomposição dos tecidos.



Aroeira: É aplicada nas obrigações de cabeça, e nos sacudimentos, nos banhos fortes de descarrego e nas purificações de pedras. Usada como adstringente na medicina caseira, apressa a cura de feridas e úlceras, e resolve casos de inflamações do aparelho genital.



Cabeluda-bacuica : Tem aplicações em vários atos ritualísticos, tais como ebori, simples ou completo, e é parte dos abô. Usado igualmente nos banhos de purificação.



Cana-de-macaco : Usada nos abô de filhos, que estão recolhidos para feitura de santo. Esses filhos tomam duas doses diárias. Meio copo sobre o almoço e meio sobre o jantar.



Cana-de Brejo – Ubacaia: Seu uso se restringe nos abô e também nos banhos de limpeza dos filhos do orixá do ferro e das artes manuais. Na medicina caseira é usado para combater afecções renais com bastante sucesso. Combate a anuria, inflamações da uretra e na leucorréia. Seu princípio ativo é o estrifno. Há bastante fama referente ao seu emprego anti-sifilítico.



Canjerana – Pau-santo: Em rituais é usada a casca, para constituir pó, que funcionará como afugentador de eguns e para anular ondas negativas. Seu chá atua como antifebril, contra as diarréias e para debelar dispepsias. O cozimento das cascas também é cicatrizador de feridas.



Carqueja: Sem uso ritualísticos. A medicina caseira aponta esta erva como cura decisiva nos males do estômago e do fígado. Também tem apresentado resultado positivo no tratamento da diabetes e no emagrecimento.



Crista-de-galo – Pluma-de-princípe: Não tem emprego nas obrigações do ritual. A medicina caseira a indica para curar diarréias.



Dragoeiro – Sangue-de-dragão: Abrange aplicações nas obrigações de cabeça, abô geral e banhos de purificação. Usa-se o suco como corante, e toda a planta, pilada, como adstringente.



Erva-tostão: Aplicada apenas em banhos de descarrego, usando-se as folhas. A medicina popular a utiliza contra os males do fígado, beneficiando o aparelho renal.



Grumixameira: Aplicado em quaisquer obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos do orixá. A arte de curar usada pelo povo indica o cozimento das folhas em banhos aromáticos e na cura do reumatismo. Banhos demorados eliminam a fadiga nas pernas.



Guarabu – Pau-roxo: Aplicado em todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação dos filhos de Ogum. Usa-se somente as folhas que são aromáticas. A medicina caseira indica o chá das folhas, pois este possui efeito balsâmico e fortificante.



Helicônia: Utilizada nos banhos de limpeza e descarrego e nos abô de ori, na feitura de santo e nos banhos de purificação dos filhos do orixá Ogum. A medicina caseira a indica como debelador de reumatismo, aplicando-se o cozimento de todas a planta em banhos quentes. O resultado é positivo.



Jabuticaba: Usada nos banhos de limpeza e descarrego, os banhos devem ser tomados pelo menos quinzenalmente, para haurir forças para a luta indica o cozimento da entrecasca na cura da asma e hemoptises.



Jambo-amarelo: Usado em quaisquer as obrigações de cabeça e nos abô. São aplicadas as folhas, nos banhos de purificação dos filhos do orixá do ferro. A medicina caseira usa como chá, para emagrecimento.



Jambo-encarnado: Aplicam-se as folhas nos abô, nas obrigações de cabeça e nos banhos de limpeza dos filhos do orixá do ferro. Tem uso no ariaxé (banho lustral).



Japecanga: Não tem aplicação nas obrigações de cabeça, nem nos abô relacionados com o orixá. A medicina caseira aconselha seu uso como depurativo do sangue, no reumatismo e moléstias de pele.



Jatobá – Jataí: Erva poderosa, porém sem aplicação nas cerimônias do ritual. Somente é usada como remédio que se emprega aos filhos recolhidos para obrigações de longo prazo. Ótimo fortificante. Não possui uso na medicina popular.



Jucá: Não tem emprego nas obrigações de ritual. No uso popular há um cozimento demorado, das cascas e sementes, coando e reservando em uma garrafa, quando houver ferimentos, talhos e feridas.



Limão-bravo: Tem emprego nas obrigações de ori e nos abô e, ainda nos banhos de limpeza dos filhos do orixá. O limão-bravo juntamente com o xarope de bromofórmio, beneficia brônquios e pulmões, pondo fim às tosses rebeldes e crônicas.



Losna: Emprega-se nos abô e nos banhos de descarrego ou limpeza dos filhos do orixá a que pertence. É usada pela medicina caseira como poderoso vermífugo, mais particularmente usada na destruição das solitárias, usando-se o chá. É energético tônico e debeladora de febres.



Óleo-pardo: Planta utilizada apenas em banhos de descarrego. De muito prestígio na medicina caseira. Cozimento da raiz é indicado para curar úlceras e para matar bernes de animais.



Piri-piri: A única aplicação litúrgica é nos banhos de descarrego. É extraordinário anti- hemorrágico. Para tanto, os caules secos e reduzidos a pó, depois de queimados, estancam hemorragias. O mesmo pó, de mistura com água e açúcar extermina a disenteria.



Poincétia: Emprega-se em qualquer obrigação de ori, nos abô de uso externo, da mesma sorte nos banhos de limpeza e purificação dos filhos do orixá. A medicina caseira só o aponta para exterminar dores nas pernas, usando em banhos.



Porangaba: Entra em quaisquer obrigações e, igualmente, nos abô. No tratamento popular é usada como tônico e importante diurético.



Sangue-de-dragão : Tem aplicações de cabeça, nos banhos de descarrego e nos abô. Não possui uso na medicina popular.



São-gonçalinho: É uma erva santa, pelas múltiplas aplicações ritualísticas a que está sujeita. Na medicina caseira usa-se como antitérmico e para combater febres malignas, em chá.



Tanchagem: Participa de todas as obrigações de cabeça, nos abô e nos banhos de purificação de filhos recolhidos ao ariaxé. É axé para os assentamentos do orixá do ferro e das guerras. Muito aplicada no abô de ori. A medicina popular ou caseira afirma que a raiz e as folhas são tônicas, antifebris e adstringentes. Excelente na cura da angina e da cachumba.



Vassourinha-de-igreja: Entra nos sacudimentos de domicílio, de local onde o homem exerce atividades profissionais . não possui uso na medicina popular.



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Logo no início de uma cerimônia é “despachado” Exu, para que tudo corra bem e sem contratempos — e uma filha de OGUN participa desse rito propiciatório, chamado “padê”. Pois se Exu abre os caminhos, é OGUN quem limpa e desembaraça esses caminhos.



Depois que os orixás “montaram seus cavalos”, isto é se incorporaram nas filhas-de-santo, eles se retiram por alguns instantes do recinto do barracão.



Voltam logo depois paramentados, com suas roupas rituais e suas insígnias — e é Ogun quem vem na frente das demais divindades. Na preparação de um casamento, sob a égide do candomblé, há sempre um sacrifício prévio para Exu e para Ogum.



Durante a matança para os orixás, no instante em que o sacrifícador (axogun) corta a cabeça do animal, Ogun é reverenciado, pois a faca lhe pertence.



Ogun é o grande deus ferreiro, artífice da forja, como o Hefaístos dos Gregos, que os Romanos assimilaram com o nome de Vulcano.



Patrono das artes manuais e de todos aqueles que lidam com o ferro, tem como símbolo apetrechos daquele metal, usados por lavradores, ferreiros, carpinteiros, caçadores: a ferramenta de Ogun, comporta de 7, 14 ou 21 peças.



No Brasil, o Ogun ferreiro vem sendo substituído, cada vez mais, pelo Ogun guerreiro.



Aliás, seu comportamento guerreiro precede o artífice das forjas, em velhas histórias da tradição africana.



Primogênito de Odudua, o fundador de Ifé, a cidade sagrada, vivia Ogun em constantes expedições guerreiras contra os reinos vizinhos, matando, saqueando, aprisionando escravos.



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AMORES E O NÚMERO SETE



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Ogun, como os deuses olímpicos, teve uma vida amorosa cheia de aventuras. Foi o primeiro marido de Oiá, que se tornaria a principal mulher de Xangô . Oxun teve amores com Ogun, antes dela viver com Oxosse e, depois, com Xangô. Obá, a terceira mulher de Xangô, também passou antes por Ogun.



Oiá, quando companheira de Ogun, era quem manejava o fole, para atiçar o fogo da forja. Atiçou também o fogo de Xangô que, sempre sedutor, vinha visitá-los. Um dia, Ogun deu de presente a Oiá uma vara de ferro, igual a uma outra que ele possuía: era uma vara mágica, que tinha o dom de dividir em nove partes os homens e em sete partes as mulheres por ela tocados, durante uma briga.



Xangô fugiu com Oiá. Foram perseguidos por Ogun que, encontrando-os, brandiu a sua vara mágica, o que também fez Oiá, no mesmo instante. Incontinente, Oiá foi dividida em nove partes e ganhou por isso o nome de Iansã. Ogun foi dividido em sete partes e recebeu o cognome de Megê. Assim o sete, número mágico, é de Ogun.



São sete os Oguns: Ogun Megê, Ogunjá, Ogun Onirê, Ogun Akorô, Ogun Alagbedê, Ogun Omini e Ogun Wari.



Sete são os instrumentos de ferro que compõem a ferramenta de Ogun, podendo ser aumentados para catorze ouvinte e um, múltiplos de sete.



Sete são os caminhos de Exu, que Ogun abre e limpa com sua espada, desemaranhando as picadas no recesso da mata.



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O ORIXÁ OGUM E OS AMORES



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Grande artífice da natureza, OGUM é o mais importante Orixá da cultura afro-brasileira. Segundo a mitologia iorubana, é o filho querido de Oduduwá, criador da existência. Deus da agricultura e do ferro, é o responsável por tudo o que a humanidade desenvolve nesses setores. Ogum é o próprio sulfato ferroso que garante o funcionamento saudável do fígado.

Conhecido também como Rompe Mato, Beira Mar, Matinada, Iara, Mege e outros nomes, é considerado o mais ativo entre todos os Orixás. Aliado poderoso, guerreiro feroz, Ogum não tem só o lado belicoso: amigo seguro, paternal, é também um excelente companheiro na caminhada da vida, garantindo a seus filhos uma existência de muito trabalho e conquistas, longe da acomodação.



Ogum é líder, centralizador de poder, hábil estrategista. Está normalmente presente nas mudanças sociais, políticas e estruturais. Em casa com a família, no bairro, na cidade ou no país, Ogum é o grande conselheiro na hora de se escolher novos caminhos a seguir.

Seu arquétipo é o de pessoas impulsivas, briguentas, que não desistem nunca.



É o Orixá da guerra, que usa sua espada para lutar. Briguento e corajoso, não mede esforços par abrir seus caminhos.



Justamente por esta força toda, os filhos de Ogum sempre se orientam mais pela cabeça do que pelo coração. São acima de tudo práticos.



E quando estão executando alguma tarefa, não gostam de ser criticados. Orgulhosos e altivos, são líderes por natureza e normalmente gosta de se destacar dentro do grupo. Têm uma saúde invejável e adoram praticar esportes.



Organizados,metódicos e discretos, são ótimos ouvintes. Eles adoram agradar, mas também amam um elogio.



Quando você deparar com uma pessoa cheia de vontades, briguenta, que não se importa nem um pouco em apelar para a violência, pode ter certeza de que estará diante de um filho de Ogum.



Guerreiro, comandante de exércitos que aniquilaram nações inteiras, ele é o macho viril que não admite relacionamentos homossexuais, ao contrário dos outros orixás.



Corajoso e forte, Ogum é um deus sanguinário, intolerante.



Aquilo que se costuma chamar de um homem bruto. Seu passado de militar o capacita a enfrentar os momentos mais difíceis.



Quem já o invocou nessas horas sabe que ele nunca falta. “



Baixa” de modo rápido e violento: o corpo se movimenta ao som e ao ritmo da dança guerreira, brandindo a espada no ar. Ele age como se estivesse em meio à mais terrível das batalhas.



Detentor dos segredos do ferro, Ogum é o deus dos progressos técnicos e da civilização. Foi com o ferro que se fez o arado, por exemplo, permitindo que nações inteiras cultivassem a terra e matassem a fome. Ogum é também considerado irmão gêmeo de Exu. De fato, há muita semelhança entre ambos. Principalmente na coragem e na agitação.



Contam que foi Ogum quem se rebelou contra a dominação das mulheres, encabeçada por Iansã, e delas roubou o poder sobre os mortos. Chegou até mesmo a maltratar Oxum. Associado a São Jorge, protetor dos que trabalham com ferramentas, ele não descansa enquanto não obtém o que deseja e da maneira como quer.



OGUM à o primeiro filho de YEMANJÁ, a quem sempre acompanhava, sendo também muito afeiçoado a EXU e seu irmão OXOSSI, ORIXÁ da caça – a quem ele deu suas armas.



Foi casado com IANSÃ que o abandonou para seguir XANGÔ.



Casou-se também com OXUM, mas vive só, batalhando pelas estradas é o abre-caminhos. Ele é o ORIXÁ do ferro; foi o primeiro ferreiro.



É o ORIXÁ da civilização e da técnica.



Introduziu a agricultura e, como oferenda, recebe inhame e feljão, os frutos da terra.



É o ORIXÁ dos maquinistas, motoristas, ferroviários, operários e de todos aqueles que trabalham com máquinas e ferramentas. É o ORIXÁ da virilidade; remove obstáculos, civiliza o mundo, provê alimentos.



Nas grandes “obrigações”, pode pedir um boi ou um bode.



Sua cor é o vermelho, mas gosta também de azul e verde forte.



Seu animal o cachorro.



É agressivo e brutal e é tido como responsável pelos acidentes de carro, avião e mecânícos em geral, com os quais castiga quem o desrespeitou.



Seus filhos devem abster-se de beber cachaça e de andar armado com faca e facão. Por ser sua possessão muito violenta, pode deixar quem o recebe completamente inconsciente e sem controle de seus atos.



Os filhos de OGUM são briguentos, violentos, impulsivos e não perdoam as ofensas de que foram vítimas. Perseguem energicamente seus objetivos e em momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda esperança.



Possui humor mutável, indo dos furiosos acessos de raiva a um tranqulo comportamento. São impetuosos e arrogantes, não se incomodando de melindrar os outros, mas por terem franquezas em suas intenções, e serem sinceros, dificilmente são odiados.



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A MULHER DE OGUM



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A protegida de Ogum é uma mulher que reúne as características femininas e masculinas. Bonita e sensual por fora, ela pensa com cabeça de homem. Justamente por ser assim, expõe-se mais que as outras mulheres e destaca-se em qualquer lugar. Também é esse seu lado masculino muito forte que a faz prezar a sua liberdade e a sua independência acima de tudo, com reflexos na vida afetiva. É a mulher de Ogum quem conquista o homem e é ela também quem o dispensa quando não o quer mais.



Essa caracterísitca faz dela uma mulher difícil para parceiros machistas. Mas conquistar uma filha de Ogum não é uma tarefa impossível. O complicado é mantê-la sob domínio. Ela precisa é de um companheiro por quem tenha grande admiração ou do qual dependa de alguma forma. E esse homem, por sua vez, terá de aprender a conviver com muitas cenas de ciúmes a dois, ou em público.



AFINIDADES

A mulher de Ogum vai se dar bem com filhos de Exu, Oiá, Oxumaré, Nanã e Iemanjá.



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O HOMEM DE OGUM



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Como seu orixá protetor, o filho de Ogum é um guerreiro também nos assuntos do coração. Passional, sempre empenhado em manter o jogo da conquista, é um amante completo. Ativíssimo sexualmente, superprotetor com a pessoa amada, interessado em satisfazer-lhe as vontades, o companheiro de Ogum garante à sua parceira uma vida veliz em todos os sentidos.

Por isso mesmo é um homem muito cobiçado pelas mulheres. E como sente necessidade de viver em permanente estado de paixão, torna-se presa fácil de aventuras amorosas. Isso gera grandes conflitos internos nele e magoa a pessoa amada.



AFINIDADES



O homem de Ogum combina com as mulheres de jOiá, Iemanjá, Nanã e jOxm.



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SIMPATIAS PARA ABRIR SEUS CAMINHOS



Descasque e corte em sete pedaços um inhame-cará e cozinhe-os em água temperada com uma pitada de sal. Quando estiver cozido, escorra a água e soque o inhame até formar uma pasta. Acrescente sete gotas de azeite de dend^^e, sete gotas de mel e sete de essência de baunilha. Misture bem e enrole a pasta, formando uma bola. Coloque a bola de inhame num prato de barro e leve-o para uma ladeira. Ao colocá-lo no chão, acenda ao redor dele três velas formando um triângulo: uma vela branca no vértice superior, uma azul do lado esquerdo e uma vermelha do lado direito. Espete na bola de inhame 21 moedas de uso corrente e pingue sobre ela sete gotas de corante azul. Peça o auxílio de OGUM nos seus problemas e pronuncie as palavras



“Ógun Olulonan, Ógun Assiuádju,

Ógun Ogueré, Auá Medji Patakori,

Jésse Jésse, Ógun Kambierin. “



Ao se afastar, siga na direção indicada pelo vértice com a vela branca.



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SIMPATIA PARA LIVRAR-SE DE TODO MAL



Faça um patuá com um pano azulão, dentro do qual você vai costurar uma miniatura de espada de aço, uma folha de louro, um galhinho de arruda e outro de guiné, um cravo-da-índia, um grão de café, uma pedra de sal grosso e um alho-poró. Carregue sempre com você esse patuá e quando for sair, aperte-o junto ao coração, pedindo a Ogum que o livre de todo mal.



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COMIDAS DE SANTO



Material Necessário:



- Feijão preto;

- Cebola;

- Azeite-de-dendê;

- Um prato de barro;

- Uma vela branca.



Como Fazer:



Colocar no prato de barro o feijão preto cozido. Ornar com cebola cortada em rodelas. Regar com azeite-de-dendê. Acender a vela e oferecer ao Orixá.



OGUM



**Ogum como personagem histórico, teria sido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé.

Era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros Estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, “Rei de Irê”.



Por razões que ignoramos, Ogum nunca teve o direito a usar uma coroa (adé), feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de missangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza para os iorubás. Foi autorizado a usar apenas um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nome de Ògún Oníìré e Ògún Aláàkòró inclusive no Novo Mundo, tanto no Brasil como em Cuba, pelos descendentes dos iorubás trazidos para esses lugares.



Ogum teria sido o mais enérgico dos filhos de Odùduà e foi ele que se tornou o regente do reino de Ifé quando Odùduà ficou temporariamente cego (informação pessoal do Óòni(rei) de Ifé em 1949). Ogum decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho (informação pessoal do Oníìré em 1952).



Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam, no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. Ogum tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios. Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo.



Ogum, cuja paciência é pequena, enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe as suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite-de-dendê e potes de vinho de palma.



Enquanto saciava a sua fome e a sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase ògún je ajá (Ogum come cachorro), o que lhe valeu o nome de ògúnjá. Satisfeito e acalmado, Ogum lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante. Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora. Antes de desaparecer, entretanto, ele pronunciou algumas palavras. A essas palavras, ditas durante uma batalha, Ogum aparece imediatamente em socorro daquele que o evocou. Porém, elas não podem ser usadas em outras circunstâncias, pois, se não encontrar inimigos diante de si, é sobre o imprudente que Ogum se lançará.



Como Orixá, Ogum é o deus do ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores.



Desde o início do século, os mecânicos, os condutores de automóveis ou de trens, os reparadores de velocípedes e de máquinas de costura vieram juntar-se ao grupo de seus fiéis. Ogum é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes. Ògún méjeje lóòde Iré, frase que faz alusão às sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê.



O número 7 é, pois, associado a Ogum e ele é representado, nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torquês, facão, ponta de flexa e enxó, simbolos de suas atividades.**



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! Dá força para vencer demandas e habilidade para lidar com ferro !



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****Ógun Olulonan, Ógun Assiuádju,

Ógun Ogueré, Auá Medji Patakori,

Jésse Jésse, Ógun Kambierin.*

Ogunhê!



Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e dos procedimentos.



O Trono da Lei é eólico e, ao projetar-se, cria a linha pura do ar elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás diferenciados em todos os aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por Ogum e o pólo negativo é ocupado por Iansã.



Esta linha eólica pura dá sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento. Uns têm como segundo elemento o fogo, outros têm na água seu segundo elemento, etc.



Portanto, na linha pura do “ar elemental” só temos Ogum e Iansã como regentes.



Mas se estes dois Orixás são aplicadores da Lei (porque sua natureza é ordenadora), então eles se projetam e dão início às suas hierarquias naturais, que são as que nos chegam através da Umbanda.



Os Orixás regentes destas hierarquias de Ogum e Iansã são Orixás Intermediários ou regentes dos níveis vibratórios da linha de forças da Lei.



Saibam que Oxalá tem sete Orixás Intermediários positivos e tem outros sete negativos, que são seus opostos, e tem sete Orixás neutros; Oxum tem sete Orixás intermediárias positivas e tem outras sete negativas, que são suas opostas; Oxóssi tem sete Orixás intermediários positivos, sete negativos, que são seus opostos, e tem sete outros que formam uma hierarquia vegetal neutra e fechada ao conhecimento humano material; Xangô tem sete Orixás intermediários positivos e tem sete negativos, que são seus opostos. E o mesmo acontece com Obaluayê e Yemanjá.



Agora, Ogum e Iansã são os regentes do mistério “Guardião” e suas hierarquias não são formadas por Orixás opostos em níveis vibratórios e pólos magnéticos opostos, como acontece com outros. Não, senhores!



Ogum e Iansã formam hierarquias verticais retas ou seqüenciais, sem quebra de “estilo” , pois todos os Oguns, sejam os regentes dos pólos positivos, dos neutros ou tripolares, ou dos negativos, todos atuam da mesma forma e movidos por um único sentido: aplicadores da Lei!

Todo Ogum é aplicador natural da Lei e todos agem com a mesma inflexibilidade, rigidez e firmeza, pois mão se permitem uma conduta alternativa.



Onde estiver um Ogum, lá estarão os olhos da Lei, mesmo que seja um “caboclo” de Ogum, avesso às condutas liberais dos freqüentadores das tendas de Umbanda, sempre atento ao desenrolar dos trabalhos realizados, tanto pelos médiuns quanto pelos espíritos incorporadores.



Dizemos que Ogum é, em si mesmo, os atentos olhos da Lei, sempre vigilante, marcial e pronto para agir onde lhe for ordenado. ***



**Texto de autoria de Pierre F. Verger

***TRECHOS EXTRAÍDOS DO LIVRO “O CÓDIGO DE UMBANDA



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ARQUÉTIPO



(Do livro “Orixás – Pierre Fatumbi Verger – Editora Corrupio”)



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O arquétipo de Ogum é o das pessoas violentas, briguentas e impulsivas, incapazes de perdoarem as ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente. Daquelas que nos momentos difíceis triunfam onde qualquer outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança. Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos de raiva ao mais tranquilo dos comportamentos. Finalmente, é o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outros por uma certa falta de discrição quando lhes prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas. **



**Texto de autoria de Pierre F. Verger



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AS LENDAS DE OGUM



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OGUM, Orixá masculino da cultura Iorubá, é o filho mais velho de Oduduá com Yemanjá. Sendo o mais enérgico, ele tornou-se Rei de Ifé, quando Oduduá (fundador de Ifé) ficou cego.

OGUM era um guerreiro terrível. Brigou com reinos vizinhos a Ifé, aumentando cada vez mais o seu reinado. Destruiu a cidade de Ará e de Irê.



Em Irê, ele guerreou, matando o rei e instalou seu próprio filho no trono e passou a usar o título de ONIRÊ (Rei de Irê).



OGUM é o Orixá Deus do Ferro, dos ferreiros e de todos aqueles que utilizam esse metal: agricultores, caçadores, açougueiros, barbeiros, marceneiros, carpinteiros, escultores, mecânicos, etc…



Em Irê, diz-se que OGUM é composto de 7 (sete) partes: OGUM MEJÉJÉ LOODE/IRÊ (Ogum são sete não só Irê) frase que se refere as sete aldeias, hoje desaparecidas, que existiram em volta de Irê. Mas sobre as 7 partes de Ogum, existem muitas lendas, entre tantas, duas são as mais conhecidas e o relaciona com Oyá.



A primeira, conta que Ogum preparou-se para ir à guerra; Oyá sua esposa, também guerreira, quis acompanhá-lo. Ogum proibiu-a de seguí-lo. Oyá muito astuta e não querendo por nada deixar de guerrear ao lado do marido, vestiu uma das suas roupas, prendeu os cabelos por baixo de um capacete e seguiu-o.

A luta foi muito grande, Ogum estava quase a perdê-la, quando Oyá, levantou sua espada e lutou por ele.



Vencida a batalha por Oyá, Ogum quis saber quem era o garboso guerreiro. Oyá muito orgulhosa, tirou o capacete e soltou os cabelos, Ogum reconhecendo a sua esposa, mais orgulhoso do que ela, não admitindo ter sido salvo por uma mulher, levantou sua espada para matá-la. Oyá ao mesmo tempo também levantou a sua para defender-se. As espadas tocaram-se no ar. Travaram então uma grande luta onde Ogum cortou Oyá em nove e Oyá cortou Ogum em sete.



Outra lenda sobre os 7 Oguns, também relacionada a Oyá, conta que ela era a companheira de Ogum. Oyá ajudava o marido no trabalho de forjar o ferro. Todos os dias Oyá carregava seus instrumentos e ia para a oficina, onde manejava o fole para ativar o fogo da forja. Ora ela manejava o fole, ora ela soprava um vento, para ativar o fogo. Ogum ofereceu a Oyá, pela ajuda que essa lhe dava, uma vara de ferro, semelhante a uma que ele possuiu e que tinha o poder de dividir os homens em sete partes e as mulheres em nove, se por ela fossem tocados no decorrer de uma briga.



Xangô gostava de sentar-se próximo, a fim de apreciar Ogum bater o ferro, e de vez em quando lançava olhares a Oyá, e esta também olhava Xangô, que era muito elegante. Os cabelos de Xangô eram trançados com búzios como de uma mulher, usava brincos, colares e pulseiras. Sua beleza e seu poder fascinavam Oyá que nada disso via em Ogum. Um dia Oyá fugiu com Xangô. Ogum perseguiu-os. Encontrou-os



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OGUM X SÃO JORGE




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Minha intenção aqui não é abrir polêmica ou questionar as correlações dos Orixás com o sincretismo religioso, somente achei este tópico interessante para sabermos como surgiu esta correlação, apesar de, pessoalmente, discordar. Principalmente pelo fato de acreditar que não existem “sincretismos” nem vivemos mais sob um regime autocrata e punitivo, logo, podemos e devemos cultuar nossos Orixás como são verdadeiramente, sem incorrer em punições físicas, morais ou sociais.



QUEM É OGUM???



QUEM É SÃO JORGE???



LENDA AFRICANA SOBRE OGUM



1. OGUM – ORIXÁ DO FERRO E POR EXTENSÃO, ORIXÁ DA GUERRA.



OGUM era, a princípio, apenas o Orixá do ferro. O ferro com que se faz a ferramenta, a enxada e, também as armas com que os guerreiros se defendiam dos predadores (África = Pátria dos grandes felinos).



Naturalmente, a eficiência destas armas fatalmente seria utilizada na guerra. De todas as lendas africanas sobre os Orixás, a que nos merece maior crédito, pela sua profundidade, é a descrita por Pierre Verger na sua obra ORIXÁS: “OGUM, como personagem histórico, teria tido o filho mais velho de Odùduà, o fundador de Ifé.



Era um temível guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou

vitorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, “Rei de Iré”. Por razões que ignoramos, OGUM nunca teve direito a usar uma coroa (adé), feita com pequenas contas de vidro e ornada por franjas de miçangas, dissimulando o rosto, emblema de realeza para os iorubás. Foi autorizado a usar apenas um simples diadema, chamado àkòró, e isso lhe valeu ser saudado, até hoje, sob os nomes de Ògún Oníìré e Ògún Aláàkòró inclusive no novo mundo, tanto no Brasil como em Cuba, pelos descendentes dos iorubás

trazidos para esses lugares.



OGUM teria sido o mais enérgico dos filhos de Odùduà e foi ele que se tornou o regente do reino de Ifé quando Odùduà ficou temporariamente cego.



OGUM decidiu, depois de numerosos anos ausente de Irê, voltar para visitar seu filho. Infelizmente, as pessoas da cidade celebravam no dia da sua chegada, uma cerimônia em que os participantes não podiam falar sob nenhum pretexto. OGUM tinha fome e sede; viu vários potes de vinho de palma, mas ignorava que estivessem vazios.



Ninguém o havia saudado ou respondido às suas perguntas. Ele não era reconhecido no local por ter ficado ausente durante muito tempo. OGUM, cuja paciência é pequena,

enfureceu-se com o silêncio geral, por ele considerado ofensivo. Começou a quebrar com golpes de sabre os potes e, logo depois, sem poder se conter, passou a cortar as cabeças das pessoas mais próximas, até que seu filho apareceu, oferecendo-lhe suas comidas prediletas, como cães e caramujos, feijão regado com azeite de dendê e potes de vinho de palma. Enquanto saciava sua fome e sua sede, os habitantes de Irê cantavam louvores onde não faltava a menção a Ògúnjajá, que vem da frase Ògún je ajá (“Ogum come cachorro”), o que lhe valeu o nome de Ògúnjá. Satisfeito e acalmado,

OGUM lamentou seus atos de violência e declarou que já vivera bastante.



Baixou a ponta de seu sabre em direção ao chão e desapareceu pela terra adentro com uma barulheira assustadora.



OGUM é único, mas, em Irê, diz-se que ele é composto de sete partes.



Ògún méjeje lóòde Iré, frase com que faz alusão às sete aldeias hoje desaparecidas, que existiriam em volta de Irê. O número sete é, pois, associado a OGUM e ele é representado, nos lugares que lhe são consagrados, por instrumentos de ferro, em número de sete, catorze ou vinte e um, pendurados numa haste horizontal, também de ferro: lança, espada, enxada, torques, facão, ponta de flecha e enxó, símbolos de suas atividades.“



Mais adiante, Verger fala de sua vida amorosa:



“A vida amorosa de OGUM foi muito agitada. Ele foi o primeiro marido de Oiá, aquela que se tornaria mais tarde mulher de Xangô. Teve, também, relações com Oxum antes que ela fosse viver com Oxossi e com Xangô. E, também, com Obá, a terceira mulher de Xangô, e Eléfunlósunlóri, “Aquelaque-pinta-sua-cabeça-com-pós-branco-e-vermelho”, a mulher de Òrisà Oko. Teve numerosas aventuras galantes durante suas guerras, tornandose, assim, pai de diversos Orixás, como Oxossi Oranian.”



A importância de OGUM vem do fato de ser ele um dos mais antigos dos deuses iorubás e, também, em virtude da sua ligação com os metais e aqueles que os utilizam. Sem sua permissão e sua proteção, nenhum dos trabalhos e das atividades úteis e proveitosas seriam possíveis. Ele é, então e sempre, o primeiro e abre o caminho para os outros Orixás.



Entretanto, certos deuses mais antigos que OGUM, ou originários de países vizinhos aos iorubás, não aceitaram de bom grado essa primazia assumida por OGUM, o que deu origem a conflitos entre ele e Obaluaiê e Nanã Buruku.



2. SINCRETISMO RELIGIOSO



O ideal de liberdade é inerente à própria condição do ser humano. Mesmo o mais vil dos assassinos sonha com a liberdade. O que se dizer então do homem que nascendo livre nas savanas africanas e reduzido à humilíssima condição de escravo, sem nada ter feito para merecer esse castigo. Assim, em seus sonhos de liberdade, o negro africano via em OGUM, o Orixá da guerra, a força que necessitava para conseguir sua liberdade.



Um dia o negro empunharia a lança e a espada de OGUM, mataria os brancos, vingando amigos e parentes mortos por estes e tomaria de uma de suas grandes canoas(caravelas) e voltaria à sua terra natal.



Diante do exposto, cultuar OGUM era, para o negro africano, vital. Era ele quem os ajudaria na batalha, lhe daria forças e quem sabe lhe emprestasse a coragem de que tanto necessitava.



A figura de SÃO JORGE nos mostra um homem todo coberto com uma armadura de aço, ferindo com uma lança, o dragão, símbolo do mal. O OGUM que o negro conhecia e que era o Orixá do ferro era um Orixá guerreiro. O branco lhe impunha a imagem de SÃO JORGE dizendo-lhe que esquecesse o Orixá guerreiro o continuasse humildemente cultuando OGUM “disfarçado” na imagem do Santo Católico. Sendo que na Bahia, o

sincretismo de São Jorge é com o Orixá Oxossi.



As imagens tão populares, no período colonial, eram na sua grande maioria, esculpidas em madeira. O negro africano quando cumpre uma obrigação, retira do lugar sagrado onde ele deu a obrigação, um pedaço de solo, geralmente uma pedra e a qual dá-se o nome de OTÁ e que ele cultua como objeto sagrado pelo resto de seus dias. Para não trair seus deuses de origem, o negro habilmente, escavava a imagem do Santo Católico e introduzia nessa escavação o OTÁ correspondente ao Orixá. Desta forma ele

poderia voltar-se para uma imagem do Santo Católico e reverenciar o Orixá Africano.



O branco acabou por descobrir que os negros escavavam as imagens.



Quando este fato ocorreu, o negro justificou que a imagem oca não trincava e que a pedra na base servia para dar maior estabilidade à imagem. O branco ladino passou a utilizar-se destas imagens que eram encomendadas aos negros para ocultar no seu interior, fumo, ouro e pedras preciosas. Essa imagem era vedada com uma massa preparada com cera de abelhas e serragem e enviada à Europa sem pagar os direitos do rei, surgindo desta forma de contrabando a expressão “SANTINHO DO PAU OCO” como

sinônimo de coisa marota.



Às vezes, o dono do engenho, o senhor das terras tinham um santo de devoção pessoal e obrigava o negro a cultuar esse santo. Isto justifica o fato de em Salvador(Bahia), OGUM ser sincretizado com SANTO ANTONIO e não com SÃO JORGE.



Para que se entenda melhor, SANTO ANTONIO foi considerado como Capitão do Exército Nacional e pároco da igreja a ele dedicada, recebia o seu soldo do quartel.



3. RESUMO HISTÓRICO DA VIDA DE SÃO JORGE



São muito contraditórias as histórias sobre a vida de SÃO JORGE. Vejamos o que diz a Enciclopédia Barsa a respeito do assunto: “Santo de grande devoção popular, padroeiro da Inglaterra, de Aragão e Portugal”.



Crê-se que foi martirizado em Lydda, na Palestina. Não há razão de se supor que ele se tenha referido a história eclesiástica de Eusébio, tanto que tem sido desacreditada a assertiva de Gibbom de que se tratava de Jorge da Capadócia, oponente de Atanásio. Do século XI em diante, tornaram-se muito populares várias lendas sobre a vida de SÃO JORGE, que foram se tornando cada vez mais extravagantes.

A história do salvamento da virgem do dragão, aparecida no fim do século XII, e popularizada no ano seguinte, deve-se talvez ao fato de que a lenda clássica de Perseu e Andrômeda se refere a Jaffa ou Arsuf, não longe de Lydda.



SÃO JORGE ficou conhecido na Inglaterra, pelo menos a partir do século VIII. Não está claro, porém, porque se tornou patrono. Sem dúvida, os cruzados que voltavam de suas campanhas popularizavam o culto (diz-se que foi visto ajudando soldados no cerco de Antióquia), em 1.098, mas é provável que não tenha sido reconhecido como tal até o Rei Eduardo III havê-lo feito patrono da então recém-fundada Ordem da Jarreteira.



Em Portugal, sua devoção parece ter sido introduzida pelos cruzados ingleses que auxiliaram Dom Afonso Henriques na conquista de Lisboa, em 1.147.



Dom João I, o fundador da dinastia de Aviz, foi grande devoto de SÃO JORGE e o fez patrono nacional, em substituição a Santiago, que já era dos castelhanos.



Ordenou que sua imagem eqüestre figurasse nessa célebre procissão e era de praxe a presença do santo.



Em São Paulo, esse costume perdurou até 1.872, quando a imagem desequilibrou-se do andor e caiu sobre um soldado, matando-o.



No Rio de Janeiro, a Irmandade de SÃO JORGE mantém sua igreja, de afluência popular, na Praça da República.



SÃO JORGE é um dos catorze santos auxiliares, e a sua festa tanto nas igrejas ocidentais, como nas orientais, é comemorada no dia 23 de abril.“



Sendo que na Bahia, o sincretismo de São Jorge é com o Orixá Oxossi.



Vejamos agora uma opinião de Mario Sgarbosa e Luigi Giovanini no livro “Um Santo Para Cada Dia”, das Edições Paulinas.



“Se de SÃO JORGE possuímos só os Atos do martírio e mais precisamente sua Paixão (considerada apócrifa já pelo Decreto Gelasiano do século VI), poderíamos até duvidar de sua existência histórica Todavia, não se pode apagar com um simples golpe de caneta, uma tradição tão universal: a Igreja do Oriente o chama de grande mártir e todos os calendários cristãos incluíram-no no elenco de seus santos. SÃO JORGE, além de haver dado nome a cidades e povoados, foi proclamado padroeiro de cidades como Gênova, de regiões inteiras espanholas, de Portugal, da Lituânia e da Inglaterra, com a solene confirmação, para esta última, do papa Bento XIV”.



Este culto extraordinário tem origens muito remotas, uma vez que seu sepulcro em Lydda, na Palestina, onde o mártir foi decapitado no início do século IV, era alvo de peregrinações já na época das cruzadas, quando o sultão Saladino destruiu a igreja construída em sua honra. A imagem de todos conhecida, do cavaleiro que luta contra o dragão, difundida na Idade Média, faz ver a origem da lenda criada sobre este mártir e contada de várias maneiras em suas muitas paixões.



Diz a lenda que um horrível dragão saía de vez em quando das profundezas de um lago e se atirava contra os muros da cidade trazendo-lhe a morte com seu mortífero hálito. Para ter afastado tamanho flagelo, as populações do lugar lhe ofereciam jovens vítimas, pegas por sorteio. Um dia coube à filha do rei ser oferecida em comida ao monstro. O monarca, que nada pôde fazer para evitar esse horrível destino da tenra filhinha, acompanhou-a com lágrimas até as margens do lago. A princesa parecia irremediavelmente destinada a um fim atroz quando, de repente, apareceu um corajoso cavaleiro vindo da Capadócia. Era SÃO JORGE. O valente guerreiro desembainhou a espada e, em pouco tempo reduziu o terrível dragão num manso cordeirinho, que a jovem o levou preso numa corrente, até dentro dos muros da cidade, entre a admiração de todos os habitantes que se fechavam em casa, cheios de pavor. O misterioso cavaleiro lhes assegurou, gritando-lhes que tinha vindo em nome de Cristo para vencer o dragão. Eles deviam converter-se e ser batizados.



Também o fim deste glorioso mártir tem o sabor de lenda: Foi condenado à morte por ter renegado aos deuses do império. Os algozes infringiram-lhe no corpo os mais atrozes tormentos. Ele parecia de ferro. Diante de sua invicta coragem e de sua fé, a própria mulher do imperador se converteu.



Muitos cristãos, amedrontados diante dos carrascos, encontraram a força de dar o testemunho a Cristo com o extremo holocausto de suas vidas. Por fim, também SÃO JORGE inclinou a cabeça sobre uma coluna e uma espada super-afiada pôs fim a sua jovem vida.”



Na verdade, a região do Oriente onde os mercadores europeus cruzavam em busca das especiarias da Índia, havia a crença popular de um herói local cuja representação era a de um guerreiro árabe montado num garanhão branco que, juntamente com o cavaleiro, atacavam o dragão que simboliza as forças do mal.



A representação artística deste fato impressionou os cruzados (guerreiros de diferentes nacionalidades, mercenários ou não, que a mando do Papa tentavam tomar o poder na região para que a Igreja Católica pudesse se beneficiar, não só ficando dispensada do “pedágio” até então pago aos árabes, como cobrando esse mesmo pedágio das caravanas e mercadores estrangeiros) que levaram essa imagem posteriormente santificada pela Igreja numa tentativa de evitar que os cristãos cultuassem um mito nãocatólico.



Tanto isso é fato, que a despeito de SÃO JORGE ter sido cassado pela Papa Paulo VI, não temos conhecimento de nenhuma igreja dedicada a este santo, ter fechado suas portas.



No dia 23 de abril as igrejas de SÃO JORGE, no Rio de Janeiro e Salvador, são muito concorridas e sua freqüência é principalmente devido àqueles que aos domingos vão a Igreja e as segundas, quartas e sextas, vão ao Terreiro. Sendo que na Bahia, o sincretismo de São Jorge é com o Orixá Oxossi


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