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domingo, 21 de novembro de 2010

O CULTO CRISTÃO NO LAR



Povoara-se o firmamento de estrelas, dentro da noite prateada de luar,
quando o Senhor, instalado provisoriamente em casa de Pedro, tomou os Sagrados Escritos e, como se quisesse imprimir novo rumo à conversação
que se fizera improdutiva e menos edificante, falou com bondade:

— Simão, que faz o pescador quando se dirige para o mercado com os
frutos de cada dia?

O apóstolo pensou alguns momentos e respondeu, hesitante:

— Mestre, naturalmente, escolhemos os peixes melhores. Ninguém compra os
resíduos da pesca.

Jesus sorriu e perguntou, de novo:

— E o oleiro? que faz para atender à tarefa a que se propõe?

— Certamente, Senhor — redargüiu o pescador, intrigado —, modela o
barro, imprimindo- lhe a forma que deseja.

O Amigo Celeste, de olhar compassivo e fulgurante, insistiu:

— E como procede o carpinteiro para alcançar o trabalho que pretende?

O interlocutor, muito simples, informou sem vacilar:

— Lavrará a madeira, usará a enxó e o serrote, o martelo e o formão. De
outro modo, não aperfeiçoará a peça bruta.

Calou-se Jesus, por alguns instantes, e aduziu:

— Assim, também, é o lar diante do mundo. O berço doméstico é a primeira
escola e o primeiro templo da alma. A casa do homem é a legítima
exportadora de caracteres para a vida comum. Se o negociante seleciona a
mercadoria, se o marceneiro não consegue fazer um barco sem afeiçoar a madeira aos seus propósitos, como esperar uma comunidade segura e tranqüila sem que o lar se aperfeiçoe? A paz do mundo começa sob as telhas a que nos acolhemos. Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações?

Se nos não habituamos a amar o irmão pais próximo, associado à nossa
luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?

Jesus relanceou o olhar pela sala modesta, fez pequeno intervalo e
continuou:

— Pedro, acendamos aqui, em torno de quantos nos procuram a assistência
fraterna, uma claridade nova. A mesa de tua casa é o lar de teu pão.
Nela, recebes do Senhor o alimento para cada dia. Por que não instalar, ao redor dela, a sementeira da felicidade e da paz na conversação e no pensamento? O Pai, que nos dá o trigo para o celeiro, através do solo, envia-nos a luz através do Céu. Se a claridade é a expansão dos raios que a constituem, a fartura começa no grão. Em razão disso, o Evangelho
não foi iniciado sobre a multidão, mas, sim, no singelo domicílio dos
pastores e dos animais.

Simão Pedro fitou no Mestre os olhos humildes e lúcidos e, como não
encontrasse palavras adequadas para explicar-se, murmurou, tímido:

— Mestre, seja feito como desejas.

Então Jesus, convidando os familiares do apóstolo à palestra edificante e à meditação elevada, desenrolou os escritos da sabedoria e abriu, na
Terra, o primeiro culto cristão no lar.

(Jesus no Lar – Francisco Cândido Xavier – Pelo Espírito Neio Lúcio)

“Sempre que se ora num Lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico.
Cada prece do coração constitui emissão electromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pela claridade espiritual que acende à volta. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O Lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam?” (Os Mensageiros, Cap. 37 – FEB- l944)


Fonte: www.umbanda.com.br

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