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domingo, 21 de março de 2010

Tirada à força de mãe cigana, criança chora muito em abrigo, diz psicóloga

A menina de 1 ano e 2 meses que foi tirada à força da mãe cigana em Jundiaí, a 58 km de São Paulo, ainda chora muito no abrigo para onde foi levada após a separação, segundo uma psicóloga do local. A menina foi separada da mãe pela Guarda Municipal na segunda-feira (15), por determinação da Justiça. A decisão de levar a criança para um abrigo foi tomada depois de uma denúncia anônima. A mãe usaria a criança para pedir esmolas no Centro da cidade. O desespero da mãe e da criança foi registrado em vídeo. As imagens mostram a menina sendo puxada dentro da delegacia por uma guarda, que a levou no banco da frente de um carro da prefeitura até um abrigo. A mãe nega que uso da filha para esmolas. “Eu estava lendo sorte, lendo mão. Aí me pegou, colocou dentro do carro e trouxe na viatura”, disse Dervana Dias, que teve a filha levada. Segundo a psicóloga Carin Piacentini, que trabalha no abrigo onde está a menina, a separação de mãe e filha foi muito violenta, e haveria outras opções menos traumáticas. “Por exemplo, trazendo essa mãe ao abrigo, fazendo com que ela visitasse a casa, visse onde essa criança iria dormir, faria as refeições, iria brincar, para que ambas se tranqüilizassem e a mãe fosse embora um pouquinho mais calma, sabendo onde a filha ficaria” Sônia Chebel, mestre em pedagogia, acredita que o ideal seria encontrar maneiras de unir mãe e filha. "Por que não deixar que esse laço afetivo com a mãe continue? Por que não achar uma saída em que essa convivência seja possível? Essa mãe precisa ser acolhida também." O juiz da Vara da Infância e Juventude de Jundiaí vai decidir se a Dervana tem condições de criar a menina. Ela e outra cigana, ambas de Jacutinga, em Minas Gerais, prestaram depoimento e foram liberadas. A outra mulher não teve a filha apreendida e saiu da delegacia acompanhada da garota. De acordo com o juiz, o bebê estava exposto a risco, submetido a vexame. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente disse que a cena que mostra a separação de mãe e filha é forte, mas não havia outro jeito de pegar a criança. “Dentro das condições reunidas no momento não tinha outra forma senão aquela, tentar conter a emoção da mãe e tentar da mesma forma cumprir a denominação municipal”, disse Solange Giotto. Ela descarta um possível trauma. “Tudo isso vai se resolver de acordo com o tratamento que a criança vai ter durante a vida, os traumas são dissolvidos ao longo da vida desde que haja muito amor e que essa criança seja acolhida onde ela estiver, seja no abrigo ou no colo da mãe.” O comando da Guarda Municipal justificou a ação dizendo que naquele momento foi necessário agir com rigor para cumprir a lei e preservar os direitos do bebê.

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