No incontido desejo em fazer valer a razão sobre a empolgação, a
humildade sobre a vaidade e o conhecimento sobre a ignorância, somos
levados a dar ciência ao Movimento Umbandista de um fato corriqueiro,
embora reprovável e que tem dado azo a desdobramentos muito
desagradáveis para quem os comete.
Estamos falando de atividades espírito-caritativas perpetradas em
ambientes domésticos e que podem trazer grandes tormentos ao
equilíbrio psico-material do grupo familiar residente.
Motivadas a auxiliar, ou mesmo a dar vazão a sentimentos reprimidos
(vaidade, egocentrismo, narcisismo, etc.) pessoas estão “incorporando
espíritos” com os quais mantêm vínculos para amparar terceiros, no que
tange a problemas diversos.
Arrastando móveis, improvisando Congás e adequando espaços, iniciam
labor mediúnico-espiritual sem perceberem que o local de habitação,
por ser ambiente onde a família vive seu cotidiano (alegrias,
tristezas, aspirações, frustrações, etc.), não foi construído e/ou
preparado para suportar reflexos de tal atividade.
Enquanto dirigentes zelosos, sob a orientação de seus respectivos
mentores espirituais, preparam seus Templos com as firmezas
necessárias à segurança, a defesa e ao equilíbrio lugar, frente aos
trabalhos, muitos deles vibratoriamente pesados (desobsessão,
desmanche de magia de teor negativo, etc), “alimentando” a egrégora da
Casa e ionizando o espaço de caridade, outros tantos, sem atentarem às
medidas retrocitadas, por boa ou má fé, começam a redirecionar para
seus lares energias conscientes e/ou inconscientes que acompanham
aqueles que são alvos de atendimento, processando-se a aglutinação e
eventual sedimentação destas forças naquela habitação.
É que, ao se efetuar auxílio a indivíduos vitimados por demandas,
obsessões, formas-pensamentos, ou qualquer outro instrumento de ataque
psico-espiritual, invariavelmente angariamos novos adversários. Os
verdugos vão querer saber quem é aquele que se posiciona como pretenso
escudo as suas ações maléficas. Ao par disto, tentarão desestabilizar
toda a base de sustentação daquela célula familiar, eis que
contrariados em suas intenções.
Como o local não está preparado para os entrechoques magnético-
espirituais, e levando-se em consideração que nem todos os membros
daquela pequena coletividade estão equilibrados psiquicamente, inicia-
se patente influenciação dos atacantes sobre o grupo.
Médiuns que realizam trabalhos espirituais em seus domicílios para
assim agirem, baseiam-se no fato que seus Guias e Protetores os
protegerão de tudo e de todos, e que nada de nocivo lhes poderá
acontecer.
Porém, as coisas não são simples como costumam parecer. Até dirigentes
bem preparados, cônscios de suas responsabilidades, e exercendo labor
caritativo consciente, não raras vezes costumam sofrer abalos em seu
trabalho. O que dirá daqueles que realizam atividades sem nenhum
alicerce defensivo.
É certo que no final da guerra o Bem prevalecerá, porém é certo se
afirmar também que as diversas batalhas nem sempre serão a priori
vencidas.
Lugar de socorro e tratamento de patologias espirituais é Templo de
Umbanda, e não a casa em que moramos. Por que? Porque os terreiros
umbandistas são verdadeiras usinas de reciclagem de lixo astral
(miasmas, larvas astrais, formas-pensamento, magnetismo deletério,
etc.), preparados especificamente para lidar contra tais energias,
neutralizando suas ações e reciclando sua constituição, além de
depurar magneticamente outras individualidades astrais, tal qual a
reciclagem de esgoto em água potável ou de lixo em adubo.
Mas, e no caso de baterem a nossa porta pedindo socorro? Nesta
situação o médium deverá com sua experiência e bom senso analisar fria
e racionalmente o quadro que se apresenta, rogando auxílio aos
espíritos que o acompanham. O medianeiro bem preparado, bem instruído
tem consciência, ou deveria ter, que nestes casos existem métodos
socorristas que podem ser aplicados aos necessitados, sob orientação
mental dos Guias, sem a necessidade de incorporação e envolvimento
direto no problema.
Há aqueles que pensam que haverá cura ou melhora do enfermo somente se
houver incorporação de espíritos. Este fato, no entanto, apenas serve
para observar a insegurança que lhes é peculiar.
Por fim deveríamos expor, contrariando aqueles que são de opinião de
que o socorro e tratamento ministrado pelas Entidades Espirituais só
se realizam quando os médiuns estão incorporados, que os amigos de
Aruanda laboram de maneira ininterrupta, tenham ou não a presença de
médiuns nos terreiros.
Todos os dias, todas as horas, espíritos enfermos são conduzidos às
instituições umbandistas, ora para desmagnetização perispiritual, e
também para espontânea ou compulsoriamente repararem ações deletérias
causadas pelos mesmos.
O assunto é extenso e complexo. Entretanto, o básico foi discorrido, e
esperamos sinceramente que tais apontamentos sejam um referencial
seguro para futuras ações mediúnicas.
Nota do autor:
Para amenizar a problemática da prática mediúnica no lar, nos momentos
em que nos pedirem socorro (verificar se realmente existe uma
necessidade de socorro imediato, senão orientar a pessoa a procurar um
Templo Umbandista).
Uma orientação eficaz e bem conduzida poderá surtir efeitos
miraculosos. Portanto jamais deveremos negar uma palavra amiga a quem
necessite, não importando o assunto, pois somente quem esta passando
pelo problema sabe dizer a gravidade do assunto.
Lembre-se bem, que os Guias Espirituais não estão ao nosso dispor. Não
são nossos servidores. Eles têm muito que fazer e o trabalho mediúnico
é mais uma de suas tarefas. Os Guias Espirituais não estão ao nosso
lado dia noite, noite e dia. Precisamos parar com a problemática de
que toda hora tem um Guia “soprando” mensagens ou avisos em nossos
ouvidos.
Os Guias Espirituais também seus horários a cumprir e são rigorosos
quanto a esses horários. Eles trabalham incansavelmente, atrelados a
algum Templo e nunca na mediunidade isolada, somente para atender
familiares ou mesmo quando eu quero e sinto vontade de me concentrar,
convido alguns amigos e os Guias se fazem presentes para matar a
saudades, bebericar, fumar um cigarrinho, ou mesmo para atender casos
após casos.
Quando nos desligamos de algum Templo, seja o motivo que for, não
devemos invocar através da mediunidade, nossos Guias Espirituais à
toa. Como dissemos, eles têm muito que fazer e não podem estar a
disposição da nossa vontade. Médiuns que incorporam seus Guias
Espirituais fora de um contexto religioso ou fora de um Templo estão
fadados às fraudes, às mestificações ou mesmo ao animismo vicioso. Se
assim não fosse, porque haveria a necessidade de se formar um centro
religioso, chamado Templo Umbandista??? Pensem bem a respeito e vejam
se não se trata de puro egocentrismo, egolatria ou mesmo teimosia por
parte de certos médiuns que não se adaptam em local nenhum e querem
que os Guias Espirituais os acompanhem e aceitem suas imposições, como
se os Guias fossem meros fantoches ao seu serviço.
Trecho extraído do livro: O ABC DO SERVIDOR UMBANDISTA – autoria: Pai
Juruá
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