segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
A IMPORTÂNCIA DA EVANGELIZAÇÃO NA UMBANDA - Trecho extraido do livro: o ABC do Servidor Umbandista - Pai Juruá
A Palavra Evangelho vem do grego: “Euaggélion”, que se traduz por Boa Nova.
Na tradução do vocábulo hebraico Besorah, significa uma noticia de grande
alegria. Evangelizar, que corresponde ao verbo bissar, tem na tradução
portuguesa a correspondência alvíssara, derivado do árabe. A palavra
Evangelho aparece cerca de 68 vezes no Novo Testamento.
“Se algo existe pelo qual possa o homem viver e trabalhar lutar e sofrer
satisfeito e feliz, então é o Evangelho da redenção e do amor, que o divino
Mestre espargiu pelas terras da Palestina e mandou levar até os confins do
universo, sob a vigilância da competente autoridade”. Huberto Rohden
IDE E PREGAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA
E disse-lhes: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.
(Marc. 16:15).
Foi depois da ressurreição, quando Jesus apareceu aos onze e lhes falou pela
ultima vez.
Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura: É uma lição e
uma ordem que deveria ser repetida milhões de vezes.
Merece uma analise a ultima instrução do Mestre. Uma analise ampla, de
maneira que se estabeleçam paralelos com a ação das religiões e,
principalmente, daquela que se julga mandatária...
O Mestre, ditando as Leis para a felicidade do seu povo, do seu rebanho, o
fez em nome do Pai, do Criador, de Deus. Vemos que ele não orientou o seu
Colegiado a organizar-se em comunidades onde se prestasse culto à idolatria,
a rituais, a vestimentas especiais, ou de púrpura e que houvesse um sistema
de celibato que serviu para degradar o homem e levá-lo ao pecado; não
orientou confissões, nem batismos com água. Não ordenou sacerdotes
especiais, nem orientou profissionais para pregar o seu Evangelho. Olhando
os séculos percorridos, deparamos, decepcionados, com o desvirtuamento do:
“Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.
Mas o Evangelho é a semente da nossa redenção. Por isso, se até ontem não
nos detivemos para cuidar dessa semente, façamo-lo a partir de hoje; nunca é
tarde! Jesus nos espera de braços abertos!
Nas considerações que nos ocorrem, encontramos o Mestre a dirigir-se ao
povo, expressando-se de maneira clara, quando afirma em Mateus 24:14 e
Marcos 13:10:
“E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a
todas as nações”.
Jesus diz “este Evangelho” e que não se refere, nunca se referiu, a que
fossem pregar O Velho Testamento!... Por que?
Somente os interesses judaicos, católicos e os protestantes poderão
responder. Mas que é uma desobediência, não tenham a menor duvida. Por
certo, haverá quem seja castigado por tal desobediência. Fariseus,
hipócritas, sauduceus e fanáticos fundaram as Sociedades Bíblicas para
ofuscar o Evangelho de Jesus e complicar a vida da humanidade toda.
O Velho Testamento existia, serviu para uma época. Vem o DONO da Terra e
anuncia O NOVO TESTAMENTO, para substituir o Velho. É que o Velho já havia
cumprido sua missão, sua finalidade. Mas, os falsários do tempo de Jesus,
reencarnando por vários paises, resolveram guerrear a Obra do Mestre e
retardar o progresso do rebanho, que se debate entre a treva e a luz. Porém,
mais treva do que luz, por isso vão caindo no fosso.
Paulo, apóstolo, prega o Evangelho e deixa patente sua obrigação na primeira
carta aos Corintios, 19:16:
“Se anuncio o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa
essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o Evangelho”.
Seria cansativo se fossemos apontar as passagens do Evangelho em que Jesus,
Mestre e Senhor, afirma e reafirma a Sua Doutrina, sem Moisés e sem o Velho
Testamento.
E nós repetimos sempre com o mesmo entusiasmo e com o mesmo vigor: “Ide por
todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”.
NOVO TESTAMENTO
O Novo Testamento veio substituir o velho. O Velho Testamento e o Novo
Testamento formam a Bíblia. No Evangelho segundo João, capítulo 1º,
versículo 17, temos referencias quanto à Lei do Velho Testamento, com Moisés
e ao Novo, com Jesus: - “Porque a lei foi dada por intermédio de Moisés; a
graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” – No Evangelho segundo
Lucas, cap. 16, vers. 16, Jesus define ambos os Testamentos e qual devem
vigorar, afirmando: - “A lei e os profetas vigoraram até João desde tempo
vem o Evangelho do Reino de Deus sendo anunciado e todo homem se esforça por
entrar nele”. – O Velho Testamento, pois, está condenado; poderá nos servir,
apenas, como livro histórico, para consulta, somente e que deveria figurar,
exclusivamente, nas bibliotecas públicas, ou nos museus. O Novo Testamento,
tal como palavra o esclarece: Novo! Que veio substituir o Velho! O Ano Velho
sai, entra o Novo! O velho é arquivado. É posto de lado para consulta, nada
mais. O Novo é que é o portador das Boas Novas! No Evangelho segundo Lucas,
cap. 24, vers. 14, temos outra afirmativa do mestre: “E será pregado este
Evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações”. – O
Novo Testamento é o livro doutrinário, básico, a ele se juntam os livros da
Terceira Revelação, mas nunca o Velho Testamento! – O grande livro
doutrinário, pois, se compõe de: O Evangelho apresentado pelos quatro
evangelistas, Mateus, Marcos, Lucas e João, cada qual apresentando a
narrativa pessoal do que viram e ouviram e que nos dão um sentido geral da
Doutrina de Jesus e sua vivência entre nós, têm, no Sermão do Monte, caps 5,
6 e 7 de Mateus toda a Alma doutrinária do livro do Mestre. Vem depois a
Vida e Atos dos apóstolos, a seguir as epistolas (cartas) doutrinarias, de
instruções enviadas a vários povos e por fim o Apocalipse, o livro profético
e simbólico de João Evangelista.
A UMBANDA E O EVANGELHO
Os ensinamentos de Jesus, assim como a Umbanda, são simples e destituídos de
fórmulas e símbolos complicados. Ademais, Jesus não exigia dos homens que se
tornassem santos ou heróis, sob a influencia de seus ensinamentos.
Ele ensinava a realidade dos céus no meio da vida comum, nas ruas, vielas,
campos, lares, sob as árvores, ou a beira de praias. Jesus teve sua
convivência por escolha entre o povo aflito e sofredor, sedentos por amor e
um pouco de carinho em vez de estar entre eruditos, políticos, ou entre as
complicações religiosas do mundo. Seus ensinamentos eram simples,
compreendidos por todos, e eram gravados com letras de fogo no coração de
cada um. Ensinamentos compreendidos e aceitos pela simplicidade das verdades
inesquecíveis como:
“Ama a teu próximo como a ti mesmo”
“Faze aos outros o que queres que te façam”
“Quem se humilha será exaltado”
“Cada um colhe conforme suas obras”
Jamais, outra regra de reforma íntima tão singela e espiritual poderia
permear a Umbanda, cuja doutrina é tão simples, desprovida de pompas, lógica
e libertadora.
Nenhum outro Mestre que viveu entre nós conseguiu em poucas palavras e em
tão pouco tempo expor um código de moral tão elevado (Evangelho) aos
humanos.
A Umbanda não pretende isolar-se na interpretação pessoal do Evangelho tão
bem esposado e explicado pelo Espiritismo, Alias, não devemos nos esquecer
que as explicações contidas no “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO”, foram
dadas por espíritos iluminados; portanto ser espírita é seguir os
ensinamentos dos espíritos, o que nós Umbandistas também fazemos.
Só não adotamos o termo “Espírita” para designar nosso movimento religioso,
pois os Kardecistas já o fizeram. Somos Umbandistas, mas aceitamos de
coração nossos irmãos Espíritas. Adotar a literatura Espírita não quer dizer
praticar espiritismo, mas sim nos educarmos nas mensagens edificadoras dos
nossos irmãos espirituais que ali militam.
Adotando o “EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO” em nossos Templos, estaremos
contribuindo para a libertação das pessoas, e contribuindo para a única
maneira de nos espiritualizarmos, que é a “educação”.
Nós Umbandistas, devemos ter como objetivo a redenção dos espíritos através
de uma conscientização contínua das verdades eternas contidas no evangelho
de Jesus, sem aguardar o milagre da santidade instantânea. O Umbandista deve
interessar-se profundamente pelo seu aperfeiçoamento e não eleger e confiar
somente nos ensinamentos dos mestres e doutrinadores. Não basta querer ter
sua vida resolvida, crer numa vida espiritual eterna se ainda não se
converteu às verdades e aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Evangelizar não se trata apenas de um conjunto de preceitos pregados a
outras pessoas, mas sim interiorizados e vividos no íntimo de nossa alma,
assim como fez Jesus, pois ele pregava, mas praticava todos os seus
ensinamentos. Jesus não estabeleceu nenhum culto, nem pregou nenhum tipo de
poder a multidão; não criou castas e nem outorgas sacerdotais; não pregou
aprisionamentos de espíritos; não ensinou a retornar nenhum mal que nos
fizessem, e muito menos, não nos deu fórmulas mágicas para que pudéssemos
nos beneficiar egoisticamente, promovendo facilidades materiais ou
espirituais. Ele nos pregou o amor, o perdão, a redenção pela fé, e foi
muito claro quando nos disse:
“Quem quiser salvar-se, pegue de sua cruz e siga-me”
Jesus deu um toque sutil em todas as situações humanas e espirituais,
operando o verdadeiro milagre da nossa reforma intima, transformando
angustias, fracassos e desesperos em bênçãos para o caminho do céu. Ao invés
de menosprezar a vida nos ensinou que ela é um instrumento necessário para o
aperfeiçoamento da alma. Transformou dores em bênçãos, choros, sofrimentos e
aflições em bem-aventuranças eternas.
Nenhum suspiro, dor, ou lágrima serão perdidos ante o Divino Criador. Existe
uma simbiose; uma sintonia moral entre a Umbanda e o Evangelho. Ambos
requerem a redenção humana. Ambos valorizam a vida humana, nos ensinando que
devemos viver tudo o que Deus nos proporcionou com disciplina, e não ver a
vida simplesmente como condição expiatória ou apenas sofredora.
A Umbanda, portanto, é o caminho a ser trilhado pela humanidade, e o
Evangelho é a luz que ilumina o caminho, facilitando a nossa vida. Nós,
Umbandistas, não devemos aguardar a aproximação do Evangelho, mas sim
buscá-lo e vivenciá-lo em toda sua plenitude, como norma a ser seguida, a
fim de nos desvencilharmos das ilusões e sofrimentos humanos, encontrando um
caminho curto e seguro que nos levara a Deus.
O Evangelho é fonte criadora de homens incomuns em caráter amor e igualdade.
Não é egoísta, mas sim altruísta; não se exalta, mas cria humildes. Deixa o
ser humano terno e não cruel. Pacífico e não armado. O Evangelho será a
pátria dos homens santos. Os gigantes de espiritualidade, vencedores de suas
mazelas e paixões.
Todos os problemas do mundo serão solucionados pela leitura e prática do
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, o porto mais seguro da
espiritualidade superior.
Nós Umbandistas, devemos usar dos recursos materiais que Deus nos
proporcionou, que chamamos de “arsenal” de Umbanda, com disciplina, bom
senso e espírito crítico, sempre que necessário ajudar a qualquer irmão, mas
desde que esse, naquele momento, não se encontra em condições de ser
doutrinado ou transformado. Após o equilíbrio do mesmo devemos proceder a
sua evangelização, para que o nosso irmão continue seu caminhado no plano
terreno com equilíbrio e não venha cair nas malhas das vissitudes internas e
nem dos nossos irmãos das trevas.
Em nossas palestras elucidativas e evangelizadoras devemos nos abster de
excessos de melodramas, exposição de conceitos e parábolas através de
suspiros, palavras trêmulas e expressões compungidas. Devemos ter uma
oratória simples, objetiva, sincera, assim como Jesus fazia, falando com o
coração e não preocupado se as pessoas estão te admirando pela rica
eloqüência.
Então meus irmãos, mãos a obra, na edificação evangélica do nosso espírito
imortal, pois só assim estaremos contribuindo para o nosso aprimoramento e
elevação espiritual.
Lembrem-se do iniciador da Umbanda, em 1.908, o Sr Caboclo das Sete
Encruzilhadas, quando nos exortou:
“Que o desenvolvimento do médium fosse com base na Evangelização contumaz”
“De quem sabe aprenderemos e os que nada sabem ensinaremos”
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