| Estrada do Montanhão vive impasse | |
| Por: Vladimir Ribeiro |
Prefeitos visitam local e não chegam a acordo sobre decisão judicial que fecha via e isola famílias Enquanto os moradores do Bairro Baraldi correm o risco de ficar isolados do resto de São Bernardo com o fechamento da estrada do Montanhão, os prefeitos de Santo André e São Bernardo, Aidan Ravin (PTB) e Luiz Marinho (PT), que visitaram a área na manhã desta quinta-feira (28/04), não chegaram a um acordo sobre a questão. Aidan acredita que a decisão judicial foi tomada estritamente com base na lei. Já Marinho tenta reverter a situação para que o bairro não fique isolado. O bloqueio do acesso à via foi expedido em decisão judicial pelo promotor de Meio Ambiente do MP (Ministério Público) José Luiz Saikali. A Justiça deu até julho para a prefeitura evitar o isolamento das famílias do Baraldi. A estrada do Montanhão, que começa no Jardim Silvina, em São Bernardo, e termina no Parque do Pedroso, em Santo André, tem cerca de 5 km e passa pelo Santuário Nacional de Umbanda. Parte da estrada (1,9 km), que pertence a Santo André, foi sentenciada pelo MP da cidade com uma decisão obrigando o fechamento do local. Porém, se a determinação for executada, o Santuário e as cerca de 220 famílias moradoras dos dois lados ficarão isolados. O processo para fechamento da via teve início em 1991, quando o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) pediu que acessos clandestinos ao Parque do Pedroso fossem fechados. Em março deste ano, um termo de agravo da ação civil pública (481/08) garante à autarquia o direito de fechar a estrada. A decisão da juíza Ana Lúcia Xavier Goldman, da 1ª Vara Pública do município, derrubou a liminar de São Bernardo, que garantia abertura da via. Os prefeitos visitaram o local para discutir a situação, e decidiram solicitar reunião com o promotor para que as três partes encontrem uma solução. “São Bernardo não participou das proposituras desse processo. Caso isso tivesse ocorrido, toda a discussão poderia ser evitada. Não podemos deixar uma comunidade do município isolada, tendo que acessar serviços básicos por meio do Centro de Santo André”, disse Marinho. Na visita dos prefeitos ao local, Aidan preferiu se apegar à posição da Justiça. “A decisão foi tomada em cima da lei”, disse o prefeito andreense. Marinho, que estava ao lado, disse: “De forma nenhuma”. Na decisão do promotor, São Bernardo não estaria cuidando da forma devida do trecho da estrada que corta a cidade. O local estaria sendo utilizado para depósito irregular de lixo, de carcaças de carros e de corpos. “Fazemos a limpeza uma vez por semana, mas se conseguirmos um acordo com certeza ajudará na fiscalização”, salientou Marinho. De acordo com Aidan, o bom senso deverá prevalecer entre as partes envolvidas no processo para que os moradores não sejam prejudicados. “Temos de ser coerentes e encontrar uma solução que seja boa para a população e para o meio ambiente. Não descartamos a possibilidade de agendar uma visita no local com o promotor”, destacou. No trecho de Santo André, a estrada abriga a sede da Federação Umbandista do ABC. “Era uma antiga pedreira e fizemos a recuperação ambiental de todo o espaço, além de proibirmos o sacrifício de animais nos rituais. Estamos aqui há mais de 40 anos e não há motivos para que fiquemos isolados”, disse o presidente da federação, Ronaldo Antonio Linares. Os prefeitos preferiram não adiantar possibilidades para evitar o fechamento da estrada, mas durante a conversa foi descartada a possibilidade da abertura de uma nova via no local. “Caso isso ocorra haverá o efeito contrário, pois, ao invés de preservarmos o local vamos desmatar mais ainda”, afirmou Marinho, que também descarta a tese de recuperação da antiga estrada da Pedra Branca, tida como muito perigosa. Outra opção levantada é a instalação de porteiras com guaritas na parte que compreende a Santo André, com o cadastramento dos moradores do Bairro Baraldi e dos frequentadores da federação. “É tudo muito prematuro ainda. Não podemos afirmar o que será feito. Temos de ouvir o que o promotor tem a nos dizer, para depois tomarmos as medidas necessárias”, finalizou Aidan. |
